terça-feira, 12 de outubro de 2021

LES PLUS BEAUX VERS / O MELHOR VERSO, de Edmond Haraucourt

 


Les plus beaux vers sont ceux qu’on n’écrira jamais,

Fleurs de rêve dont l’âme a respiré l’arôme,

Lueurs d’un infini, sourires d’un fantôme,

Voix des plaines que l’on entend sur les sommets.



L’intraduisible espace est hanté de poèmes,

Mystérieux exil, Eden, jardin sacré

Où le péché de l’art n’a jamais pénétré,

Mais que tu pourras voir quelque jour, si tu m’aimes.



Quelque soir où l’amour fondra nos deux esprits,

En silence, dans un silence qui se pâme,

Viens pencher longuement ton âme sur mon âme

Pour y lire les vers que je n’ai pas écrits...



(Seul - 1891)



Tradução de Álvaro Reis:



Sempre o verso melhor é o que não foi escrito...

Flor do sonho que envia à noss’alma os perfumes,

Sorriso de um fantasma e luar de um infinito,

Voz de planície ouvida em nebulosos cumes...



O intraduzível céu é todo astral poesia...

Exílio misterioso, Éden, jardim sagrado,

Onde o pecado da arte há jamais penetrado,

Mas que poderás ver, amando-me algum dia!



Quando o amor nos prender com seus grilhões benditos,

Numa noite, em silencio e abismadora calma,

Vem, divina!, inclinar tu’alma sobre minh’alma

Para leres aí meus versos não escritos.



(Sozinho - 1891)




(Anthologie des poètes français contemporains: le parnasse et les ecoles posterieures au parnasse (1866-1906). / Antologia de poetas franceses: do século XV ao século XX)



(Ilustração: Leonid Pasternak - os espinhos da criação)



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