domingo, 22 de novembro de 2020

CRÔNICA VIII – DA TRANSFIGURAÇÃO NECESSÁRIA, de Ruy Apocalypse

 





Que as horas chorem fora das vidraças,

construindo seus musgos sobre os mastros

de velhos casarios alumbrados

e derradeiras praças penitentes.



Que os bairros mais burgueses alinhavem

suas rendas de chá, em velhas xícaras.

Que o sono seja grande e seja amargo

aos que amaram o amor, perdendo a sorte...

para que tudo nasça das ideias

que os ventos espalharam nas migalhas

de luzes e de carnes assombradas.



Do amanhã, outras vozes serão vindas;

e do agora, outros céus serão nascidos,

além do olhar das lâmpadas caídas.





(Ilustração: Giuseppe Pellizza da Volpedo - estudo para il quarto stato)

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