segunda-feira, 1 de junho de 2020

GAROA DO MEU SÃO PAULO, de Mário de Andrade





Garoa do meu São Paulo,

- Timbre triste de martírios -

Um negro vem vindo, é branco!

Só bem perto fica negro,

Passa e torna a ficar branco.



Meu São Paulo da garoa,

- Londres das neblinas finas -

Um pobre vem vindo, é rico!

Só bem perto fica pobre,

Passa e torna a ficar rico.



Garoa do meu São Paulo,

- Costureira de malditos -

Vem um rico, vem um branco,

São sempre brancos e ricos...



Garoa, sai dos meus olhos.


(Ilustração: São Paulo - revista Life)


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