domingo, 23 de fevereiro de 2020

LE SPECTRE DE LA ROSE / O ESPECTRO DA ROSA, de Théophile Gautier



Soulève ta paupière close

Qu'effleure un songe virginal!

Je suis le spectre d'une rose

Que tu portais hier au bal.

Tu me pris encore emperlée

Des pleurs d'argent de l'arrosoir,

Et, parmi la fête étoilée,

Tu me promenas tout le soir.

Ô toi, qui de ma mort fus cause,

Sans que tu puisses le chasser,

Toutes les nuits

(Tout la nuit) mon spectre rose

À ton chevet viendra danser.

Mais ne crains rien, je ne réclame

Ni messe ni De Profundis,

Ce léger parfum est mon âme,

Et j'arrive du paradis.



Mon destin fut digne d'envie,

Et pour avoir un sort (trépas) si beau

Plus d'un aurait donné sa vie;

Car sur ton sein j'ai mon tombeau,

(Car j'ai ta gorge pour tombeau,)

Et sur l'albâtre où je repose

Un poète avec un baiser

Écrivit: «Ci-gît une rose,

Que tous les rois vont jalouser.»



Tradução de Maria de Nazaré Fonseca:


Levanta a tua pálpebra fechada

Tocada por um sonho virginal!

Eu sou o espectro de uma rosa

Que tu, no baile, usaste na noite passada.

Tu me colheste ainda com pérolas,

Do chuveiro de prata refrescada,

E entre a festa estrelada

Tu me passeaste toda a noite.



Ó tu que da minha morte foste a causa,

Sem que tu possas escapar,

Todas as noites o meu espectro se levantará

E à cabeceira da tua cama virá dançar.

Mas nada receeis, eu não reclamo

Nem missa nem De Profundis,

Esta fragrância é a minha alma

E eu venho do Paraíso.



O meu destino foi digno de inveja,

E para ter uma sorte tão bela

Muitos teriam dado a sua vida,

Porque sobre o teu seio eu tenho o meu Túmulo

E sobre o alabastro onde eu repouso,

Um poeta, com um beijo,

Escreveu: "Aqui jaz uma rosa,

Que todos os reis vão invejar”.



(Ilustração: Valentine Gross - Tamara Karsavina & Vaslav Nijinsky in Le Spectre de la Rose)



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