Tune igitur demens, nec te mea cura moratur?
,,,,An tibi sum gelida uilior Illyria?
Et tibi iam tanti, quicumquest, iste uidetur,
….ut sine me uento quolibet ire uelis?
Tune audire potes uesani murmura ponti (5)
….fortis et in dura naue iacere potes?
Tu pedibus teneris positas fulcire pruinas,
….tu potes insolitas, Cynthia, ferre niues?
O utinam hibernae duplicentur tempora brumae,
….et sit iners tardis nauita Vergiliis, (10)
nec tibi Tyrrhena soluatur funis harena,
.…neue inimica meas eleuet aura preces
et me defixum uacua patiatur in ora
….crudelem infesta saepe uocare manu!
Sed quocumque modo de me, periura, mereris, (15)
….sit Galatea tuae non aliena uiae;
atque ego non uideam talis subsidere uentos,
….cum tibi prouectas auferet unda ratis,
ut te, felici praeuecta Ceraunia remo,
….accipiat placidis Oricos aequoribus! (20)
Nam me non ullae poterunt corrumpere de te
….quin ego, uita, tuo limine uerba querar;
nec me deficiet nautas rogitare citatos:
….“Dicite, quo portu clausa puella mea est?”,
et dicam “Licet Artaciis considat in oris, (25)
….et licet Hylaeis, illa futura mea est.”
Hic erit! Hic iurata manet! Rumpantur iniqui!
….uicimus: assiduas non tulit illa preces.
Falsa licet cupidus deponat gaudia Liuor:
….destitit ire nouas Cynthia nostra uias. (30)
Illi carus ego et per me carissima Roma
….dicitur, et sine me dulcia regna negat.
Illa uel angusto mecum requiescere lecto
….et quocumque modo maluit esse mea,
quam sibi dotatae regnum uetus Hippodamiae, (35)
….et quas Elis opes apta pararat equis.
Quamuis magna daret, quamuis maiora daturus,
….non tamen illa meos fugit auara sinus.
Hanc ego non auro, non Indis flectere conchis,
….sed potui blandi carminis obsequio. (40)
Sunt igitur Musae, neque amanti tardus Apollo,
….quis ego fretus amo: Cynthia rara mea est!
Nunc mihi summa licet contingere sidera plantis:
….siue dies seu nox uenerit, illa mea est!
Nec mihi riualis certos subducit Amores: (45)
….ista meam norit gloria canitiem.
Tradução de Guilherme Gontijo Flores:
Enlouqueceste? Não te prendem meus carinhos?
….Te importo menos que a Ilíria gélida?
E quem é esse que parece valer tanto,
….que num vento qualquer, sem mim tu segues?
Tu podes escutar o mar insano e múrmure, (5)
….podes deitar sem medo em dura barca?
Tu pousarás teus tenros pés sobre a geada,
….tu suportas, ó Cíntia, a estranha neve?
Quero que dobre o tempo da bruma invernal,
….que pare o nauta e atrasem as Vergílias, (10)
que a corda não se solte da areia Tirrena,
….nem brisa imiga anule as minhas preces
e eu parado, pregado no porto deserto,
….ameaçador, gritando que és cruel!
Mas mesmo que mereças mal de mim, perjura, (15)
….que Galateia ampare tua viagem!
Não quero ver arrefecerem esses ventos
….quando a onda embalar teu barco avante;
ao dobrar o Ceráunio com remo seguro, (19)
….que as águas calmas do Órico te acolham!
Pois nenhuma mulher poderá me impedir
….de lamentar, querida, à tua porta;
nem deixarei de perguntar aos marinheiros:
….“Dizei — que cais retém a amada minha?”
Direi: “Pode estar presa nas margens Artácias, (25)
….ou nas Hileias, ela será minha!”
Aqui fica! Jurou ficar! Adeus, rivais!
….Venci! Ela cedeu a tantas súplicas.
Pode a cúpida Inveja depor falsos gozos:
….minha Cíntia largou a nova estrada. (30)
Diz que me adora e que por mim adora Roma,
….sem mim renega haver um doce reino.
Prefere repousar comigo em leito estreito
….e ser só minha — não importa como —
a ter por dote um reino, como Hipodamia, (35)
….e os bens que em seus corcéis ganhara Élida.
Inda que ofertem muito, inda que mais prometam,
….não foge do meu peito por cobiça.
Não a ganhei com ouro ou pérolas da Índia,
….mas com o agrado de um suave canto. (40)
Existem Musas! Febo não tarda a quem ama!
….Neles confio — Cíntia rara é minha!
Hoje posso pisar sobre os astros mais altos:
….que venha o dia e a noite — ela é minha!
Não há rival que roube meu Amor seguro: (45)
….ah! essa glória vai me ver grisalho.
(Poemas de Sexto Propércio, apresentação, tradução & notas de Guilherme Gontijo Flores)
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