quinta-feira, 17 de agosto de 2017

INVENTÁRIO, de Nina Rizzi





me vestem essas paredes, retalhos de poesia e cinema

que pintam a casa caiada de manchar inquilinos sonhos.



com dedos e sopros vou espanando a areia que murmura

nos talheres e pratos que me deram por conveniência ou despeito.



na rua, ficam me espreitando ali parados alguns postes.

patrulham o amor que exalo e tremo.

sereno, desvairado? que importa.



a fome arde em tudo e talvez seja eu

apenas esse espaço entre oceano e janela







(Ilustração: Livia Valente; o batuque das ondas)




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