sexta-feira, 11 de agosto de 2017
INFERNOS I, de Gil Jorge
o que não você sim me diz na sua suada língua de verdades na minha cara na minha boca de contradições e desconverso em sentido contrário em insinuações como beijá-la e deixá-la nua vazia e calma fazê-la esquecer o que você não e eu sim simulo um acordo frágil entre nossos nomes em nome de um deus inventado na hora da nossa morte amém sim eu digo sim uma comunhão de bens e malas a fazer numa impensada concordância de senões até um porto mais próximo mas trata-se de um aborto de um parto de um pacto sem conjecturas de juras profanadas estupros estúpidos escrúpulos terminais e óbvios contratos de retardo latente trata-se de alcançar com sua língua as minhas amígdalas de me amordaçar e presente fugir para um ponto neutro de abstração em que os olhos veem um significado absurdo de silêncio concentrado e impenetrável digamos impermeável de propostas impróprias e você sim sem a menor dúvida grita seu pulmão seu hálito de “bourbon” e me implora de joelhos ah como eu rezava por isso por esta cinta liga por esta putaria religiosa de sim/não ordinário cretino canalha desgraçado filho da puta ridículo a mandíbula travada de quem cheirou todas te amarro te rasgo e você pede pra eu te comer te lamber me foda me morda e sinto o momento exato em que você deságua seminua semininfa semiputa te como te chupo te como te fodo te bato na cara na bunda e você perde o tesão para sim instantes segundos depois pedir mais e como se estivesse em carne viva engole todo o meu pau a minha porra as minhas cordas vocais estouram e iniciam uma hemorragia que vai à ferrugem uma dopamina que vai ao tétano eu amordaçado você amarrada desmaios múltiplos impuros como devem ser e nós sim sinistros sob as minhas barbas e eu imberbe e você sim cínica irônica descarada sem beijos ou bises me castiga me deixa ao onanismo e ri e rindo se delicia com a minha punheta depravada desesperada e dolorida com meu priapismo perpétuo mas não suporta o meu não gutural e narcótica lambe o meu períneo e entra numa vertigem vaginal de correntes por corredores estreitos por pés direitos altos saltos de sapatos finos e você sim condenada à síntese exerce o autoexorcismo e animicida animal perde-se totalmente de Virgílio eu não te perdoo mas te salvo da castidade perene à qual você quer se impor te trago ao sim simétrico da copulação doentia e sã blasfemo e digo talvezes diversas vezes quantas desnecessárias são e os nervos levados à fervura e ali petrificados pigmaleão a sua secreção sobre meu ventre enfio meu pau em sua angina (sobre) você nua de ver dentro endríaco e omófago como tua buceta e definitivamente te digo sim com todos os sintomas da besta do anticristo do antissanto e humano levo o amor a sua perfeição íntima e última e te transformo em um anjo carnal sem asas decretos e culpas ao sexo único e tantos sim tanato. fobia.
(Ilustração: Kris Kuski The-Plague)
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