sábado, 30 de novembro de 2024
CHROMO RUSTICO, de Antonio Tavernard [*]
quarta-feira, 27 de novembro de 2024
O BOTO, de Osvaldo Orico
domingo, 24 de novembro de 2024
SALMO DE LAS MADERAS / SALMO DAS MADEIRAS, de Jorge Debravo
Hay maderas oscuras y profundas como tus ojos y tus cabellos.
Porque tus ojos y tus cabellos son como maderas profundas y charoladas.
Hay maderas suaves y livianas como tu piel y tu alegría.
Porque tu piel y tu alegría son como maderas suaves y livianas.
Hay maderas recias y macizas como tus piernas y tus espaldas.
Porque tus piernas y tus espaldas son como maderas recias y macizas.
Hay maderas húmedas y rojas como la piel de tus labios y de tu lengua.
Porque la piel de tus labios y de tu lengua es como una madera roja y empapada de salvia.
Hay maderas olorosas y vivas como el olor de tu cuerpo.
Porque el olor de tu cuerpo es como el olor de las maderas cortadas en los tempos de lluvias.
Hay maderas que al ser trabajadas dan notas musicales y perfectas.
Tu amor es una nota musical y perfecta como el sonido que dan ciertas maderas cuando son trabajadas.
Hay maderas que se quejan en las noches de lluvia y en las tardes de tormenta.
Porque eres triste y eso te embellece y purifica, te pareces a estas maderas que se quejan en las noches de lluvia y en las tardes de tormenta.
Hay maderas que tienen un sabor y perfume tan propios que, cuando se las huele o se las besa, ya no son olvidadas nunca más en la vida.
Porque eres fatalmente inolvidable, te pareces a esas maderas que se recuerdan hasta la muerte cuando se las huele o se las besa.
Tradução de Antonio Miranda:
Existem madeiras escuras e profundas como teus olhos e teus cabelos.
Porque teus olhos e teus cabelos são como madeiras profundas e envernizadas.
Existem madeiras suaves e leves como tua pele e tua alegria.
Porque tua pele e tua alegria são como madeiras suaves e leves.
Existem madeiras intensas e maciças com tuas pernas e tuas costas.
Porque tuas pernas e tuas costas são como madeiras intensas e maciças.
Existem madeiras úmidas e rubras como a pele de teus lábios e de tua língua.
Porque a pele de teus lábios e de tua língua é como uma a madeira rubra e empada de seiva.
Existem madeiras olorosas e vivas como o odor de teu corpo.
Porque o odor de teu corpo é como o odor das madeiras cortadas durante as chuvas.
Existem madeiras que ao serem trabalhadas produzem notas musicais e perfeitas.
Teu amor é uma nota musical e perfeita como o som de certas madeiras quando são trabalhadas.
Existem madeiras que se queixam nas noites de chuva e nas tardes de tormenta.
Porque és triste e isso te embeleza e purifica, te assemelhas a essas madeiras que se queixam nas noites de chuva e nas tardes de tormenta.
Existem madeiras que têm um sabor e perfume tão próprios que, quando as cheiramos e as beijamos, já não as olvidaremos jamais por toda a vida.
Porque és fatalmente inesquecível, pareces com essas madeiras que recordamos até a morte quando as cheiramos ou as beijamos.
(Tres poetas centroamericanos, 1987)
sexta-feira, 22 de novembro de 2024
SOBRE A ORIGEM DA VIDA, de Marcelo Gleiser
segunda-feira, 18 de novembro de 2024
LO QUE SIENTE LA MANO / O QUE SENTE A MÃO, de Idea Vilariño
Lo que siente la mano
lo que carga
que sostiene
no es mi frente mi piel mi
inteligencia
es el hueso gentil
la calavera
con sus tibios disfraces
con sus órbitas
por el momento llenas
con la suelta mandíbula que un día
remedará la risa
ese día en que deje tirados
por ahí
mi esqueleto liviano
mi cráneo regular
y quede yo
mis labios y mis pies
mi pelo mis mejillas
mis ojos mi color
y todo lo que fui
lentamente
obviamente
pudriéndose
pudriéndose
volviéndose ceniza.
Tradução de Priscilla Campos:
O que sente a mão
o que carrega
segurando
não é minha testa minha pele
minha inteligência
é o osso gentil
a caveira
com seus disfarces mornos
com suas órbitas
por um momento cheias
com a mandíbula solta que um
dia
imitará a risada
naquele dia em que deixei
abandonado por aí
meu esqueleto leviano
meu crânio regular
e eu fico
meus lábios e meus pés
meu cabelo minha bochecha
meus olhos minha cor
e tudo que eu fui
devagar
obviamente
apodrecendo
apodrecendo
virando cinza.
(Nocturnos, 1955)
(Ilustração: Alyssa Monks)
sexta-feira, 15 de novembro de 2024
DESCULPAS À FAMÍLIA MESQUITA, de Tom Cardoso
terça-feira, 12 de novembro de 2024
בוכים / OS PARAQUEDISTAS CHORAM, de יים חפר, Haim Hefer
הכותל הזה שמע הרבה תפילות
הכותל הזה ראה הרבה חומות נוֹפלות
הכותל הזה חָש ידי נשים מקוֹנְנוֹת וּפִתְקָאות הנִתְחבוֹת בין אבניו
הכותל הזה ראה את רבי יהודה הלוי נִרמס לפניו
הכותל הזה ראה קיסרים קמים ונִמְחים
אך הכותל לא ראה עוד צנחנים בוכים...
הכותל הזה ראה אותם עייפים וסחוטים
הכותל הזה ראה אותם פצועים ושרוטים
רצים אליו בְּהַלמות לב, בִּשְאגות וּבְשתיקה
ומזנקים כמטורפים בסמטאות העיר העתיקה
והם שטופי אבק וְּצְרוּבי שפתיים
והם לוחשים: "אם אשכחך, אם אשכחך ירושלים"
והם קלים כַּנשר ועזים כַּלָביא
והטנקים שלהם - מֶרְכֶּבֶת האש של אליהו הנביא
והם עוברים כְּרעם, והם עוברים בְּזעם
והם זוכרים את כל השנים הנוראות
שבהן לא היה לנו אפילו כותל כדי לשפוך לפניו דמעות...
והנה הם כאן עומדים לפניו ונושמים עמוק
והנה הם כאן מביטים עליו בַּכְּאֵב הַמָתוק
והדמעות יורדות והם מביטים זה בָּזֶה נבוכים
איך זה קורה, איך זה קורה שצנחנים בוכים
איך זה קורה שהם נוגעים נרגשים בקיר
איך זה קורה שמן הַבֶּכי הם עוברים לְשִיר
אולי מפני שבחורים בני י"ט שנולדו עם קום הַמְדִינה
נושאים על גבם - אלפיים שנה...
Tradução de Rafael Stern:
Este muro ouviu muitas orações
Este muro viu muitos outros muros tombarem
Este muro sentiu o toque de mulheres em luto, que choravam por seus filhos
Este muro sentiu bilhetes e pedidos serem depositados entre suas pedras
Este muro viu Rabbi Yehuda Halevi ajoelhado a sua frente
Este muro viu césares levantarem e caírem
Mas este muro nunca antes tinha visto paraquedistas chorarem.
Este muro os viu cansados e aflitos
Este muro os viu feridos e mutilados
Correndo em sua direção com os corações disparados, em alegria, choro, ou silêncio
Rastejando como predadores pelas ruelas da Cidade Velha
Cobertos de pó e com os lábios rachados,
Murmurando: “Se eu esquecer de ti, ó Jerusalém”...
Eles são leves e velozes como as águias; ferozes e valentes como leões
Seus tanques são como as carruagens de fogo do profeta Eliahu
E eles passam em fúria como um trovão
Relembrando os milhares de anos em que nem tínhamos um muro onde derramar nossas lágrimas.
E eis que chegam ao Muro
E, com a respiração pesada, soluçam em silêncio.
E o contemplam em doce lamentação.
As lágrimas escorrem e eles se entreolham confusos.
Como pode paraquedistas chorarem?
Como podem tocar o muro com tanta emoção?
O que aconteceu de repente
Que seu choro se transformou em canto?
Talvez porque estes garotos de dezenove anos, que nasceram junto com o Estado de Israel,
Carregam sobre seus ombros dois mil anos de dispersão.
(1967)
(Ilustração: Jean-Léon Gérôme - Muro das Lamentações – Israel)
sábado, 9 de novembro de 2024
GORGONZOLA, de Clarice Niskier
quarta-feira, 6 de novembro de 2024
SONETO NOJENTO, de Glauco Mattoso
Tem gente que censura o meu fetiche:
lamber pé masculino e o seu calçado.
Mas, só de ver no quê o povo é chegado,
não posso permitir que alguém me piche.
Onde é que já se viu ter sanduíche
de fruta ou vegetal mal temperado?
E pizza de banana? E chá gelado?
Frutos do mar? Rabada? Jiló? Vixe!
Café sem adoçar? Feijão sem sal?
Rã? Cobra? Peixe cru? Lesma gigante?
Farofa de uva passa? Isso é normal?
Quem gosta disso tudo não se espante
com minha preferência sexual:
lamber o pé e o pó do seu pisante.
(Centopeia - sonetos nojentos & quejandos)
(Ilustração: Madonna do Rosário - detalhe, c. 1607)
domingo, 3 de novembro de 2024
O TEMPO DIRÁ, de Rosiska Darcy de Oliveira