quinta-feira, 19 de setembro de 2024

TERNURA, de Lila Ripoll

 



 

Eu te amo com a ternura das mães

que embalam os filhos pequeninos.

E te amo sem desejos.

 

Perto de ti meus sentidos desaparecem.

Meu corpo tem castidades de santa e de menina.

 

Quando falas nenhuma sobra se interpõe entre nós dois

Fico presa à palavra de tua boca

e à palavra de teus olhos.

Nada existe fora de nós. Longe de nós...

Tu és o Princípio e o Fim. O Tempo e o Espaço

Cada palavra tua mais espiritualiza

o meu sentimento e a minha ternura.

 

Tenho vontade de que meus braços se transformem

num grande berço,

para embalar teu sono de homem triste.

 

Nenhuma estrela brilha mais clara que os teus olhos

na minha alma,

e que a tua palavra no meu coração.

 

Nenhum homem foi amado com tanta pureza sem pecado,

nem tanta adoração!

 

Nenhuma mulher vestiu de tanta castidade

seu corpo e sua alma,

para a tristeza de um amor que quer viver,

e quer morrer.

 

(Céu Vazio)


(Ilustração: escultura de Maria Martins, foto de Vicente de Mello)


 

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