Pesadas grades, hirtas e escuras,
estão paradas
e perfiladas
junto às janelas da cela escura,
que esconde Elisa — a de nome simples,
de nome claro, de nome branco,
a de alma clara.
Passam soldados,
voltam soldados,
e os doces olhos da prisioneira
são águas claras que não se turvam.
Pesadas grades,
hirtas e escuras,
estão paradas e perfiladas
como soldados
junto às janelas.
Elisa Branco
— na cela escura —
está rodeada de pensamentos
puros e claros como seu nome.
Que importam grades junto às janelas?
e esses soldados que passam, passam?
e os sons soturnos
que marcam, marcam
os duros passos das sentinelas?
Elisa Branco sorri e espera.
Não sente o peso de escuras grades,
nem ouve a marcha de duros passos,
que dia e noite,
que noite e dia,
passa e repassa
junto às janelas da cela escura.
Elisa Branco confia e espera —
Elisa simples,
de nome claro,
de nome branco,
de alma clara.
(*) Elisa Branco Batista (Barretos, 29 de dezembro de 1912[ - São Paulo, 8 de junho de 2001) foi uma militante comunista brasileira. Admiradora de Luís Carlos Prestes, filiou-se ao PCB e fez parte da Federação das Mulheres de São Paulo e do Movimento Brasileiro dos Partidários da Paz.
(Ilustração: Frida Kahlo - La Cene)
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