sábado, 8 de outubro de 2022

LA HORA / A HORA, de Juana de Ibarbourou

 


Tómame ahora que aún es temprano


y que llevo dalias nuevas en la mano.



Tómame ahora que aún es sombría

esta taciturna cabellera mía.



Ahora que tengo la carne olorosa

y los ojos limpios y la piel de rosa.



Ahora que calza mi planta ligera

la sandalia viva de la primavera.



Ahora que en mis labios repica la risa

como una campana sacudida aprisa.



Después..., ¡ah, yo sé

que ya nada de eso más tarde tendré!



Que entonces inútil será tu deseo,

como ofrenda puesta sobre un mausoleo.



¡Tómame ahora que aún es temprano

y que tengo rica de nardos la mano!



Hoy, y no más tarde. Antes que anochezca

y se vuelva mustia la corola fresca.



Hoy, y no mañana. ¡Oh amante! ¿no ves

que la enredadera crecerá ciprés?



Tradução de Maria Teresa Almeida Pina:



Toma-me agora que ainda é cedo

e que levo dálias novas na mão.



Toma-me agora que ainda é sombria

esta taciturna cabeleira minha.



Agora que tenho a carne cheirosa

e os olhos limpos e a pele de rosa.



Agora que calça minha planta ligeira

a sandália viva da primavera.



Agora que em meus lábios repica o sorriso

como um sino sacudido às pressas.



Depois…oh, eu sei

que já nada disto mais tarde terei!



Que então inútil será teu desejo,

como oferenda posta sobre um mausoléu.



Toma-me agora que ainda é cedo

e que tenho rica de nardos a mão!



Hoje, e não mais tarde. Antes que anoiteça

e se torne murcha a corola fresca.



Hoje, e não amanhã. Oh amante! Não vês

que a trepadeira crescerá cipreste?



(Ilustração: Juana de Ibarbourou - um gato um canário e um pé de cannabis - c.1920)


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