sexta-feira, 6 de março de 2020

GATA, de Emiliano Perneta



Na brancura da pele e no gesto macio,

A carícia tu tens e a moleza de gata:

O teu andar sutil é doce como a pata

Desse animal pisando um tapete sombrio...



Tens uma morbidez lânguida de sonata,

Teu sorriso é polido, é fino e é muito frio...

Se as tuas mãos acaso eu beijo e acaricio,

Sinto uma sensação esquisita, que mata.



Quando eu tomo esse teu cabelo ondeado e louro,

E o cheiro, e palpo o teu corpo branco e felino,

Como te torces, pois, minha serpente de ouro!



O teu corpo se enrola em meu corpo amoroso,

E o teu beijo me aquece e vibra como um hino,

Animal de voz rouca e gesto silencioso!




(Ilustração: Balthus - jeune fille a la mandoline)



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