domingo, 12 de maio de 2013

INDRA(*), de August Strindberg






Down to the sand-covered earth. 

Straw from the harvested fields soiled our feet; 

Dust from the high-roads, 
Smoke from the cities, 
Foul-smelling breaths, 
Fumes from cellars and kitchens, 
All we endured. 
Then to the open sea we fled, 
Filling our lungs with air, 
Shaking our wings, 
And laving our feet. 

Indra, Lord of the Heavens, 
Hear us! 
Hear our sighing! 
Unclean is the earth; 
Evil is life; 
Neither good nor bad 
Can men be deemed. 
As they can, they live, 
One day at a time. 
Sons of dust, through dust they journey; 
Born out of dust, to dust they return. 
Given they were, for trudging, 
Feet, not wings for flying. 
Dusty they grow-- 
Lies the fault then with them, 
Or with Thee?



Tradução de Thereza Christina Rocque da Motta:



Descemos à terra arenosa.

A palha dos campos ceifados cobriu nossos pés;
O pó das auto-estradas,
Fumaça das cidades,
Bafos de onça,
Fumos dos celeiros e das cozinhas,
Tudo suportamos.
Então, fugimos ao mar aberto,
Enchendo de ar nossos pulmões,
Batendo nossas asas,
Banhando nossos pés.

Indra, Senhor dos Céus,
Escutai-nos!
Ouvi nossos lamentos!
A terra está suja;
O mal é nossa vida;
O homem não pode ser salvo
Nem do bem nem do mal.
Vivem como podem,
Um dia de cada vez.
Filhos do pó, viajam por ele;
Nascidos do pó, ao pó retornam.
Receberam pés para se arrastarem,
Não asas para voar.
Cobrem-se ainda mais de pó –
Abraçando sua culpa
Ou a Tua?




(*)  No hinduísmo, Indra é o deus das tempestades, filho de Aditi com o sábio Kashyapa.


(Ilustração: escultura - Indra; foto de autor não identificado)


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