terça-feira, 17 de abril de 2012

TIGRE, de Ana Rüsche









A mesma velha partida,

o terror das coisas mortas.

Ali ele se fundiu novamente.


A noite escapou pelas duas pupilas reluzentes

e asfixiou com um brilho estranho meus ouvidos.


Então o asfalto flameja, o concreto brilha

e se acedem todas as estrelas.

Tigre, tigre

me persegue, me possui

me devasta, me rasga

e rasga,

corro, cambaleio e caio

chorando pelo meio da rua deserta.


(Rasgada)


(Ilustração: Dalí - femme à la tête de roses)



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