domingo, 11 de março de 2012

CHANSON D’AUTOMNE / CANÇÃO DE OUTONO / CANCIÓN DE OTOÑO / CANZONE D'AUTUNNO / THE LONG SOBS, de Paul Verlaine








Les sanglots longs

Des violons

De l'automne

Blessent mon coeur

D'une langueur

Monotone.



Tout suffocant

Et blême,quand

Sonne l'heure,

Je me souviens

Des jours anciens

Et je pleure.




Et je m'en vais

Au vent mauvais

Qui m'emporte

Deçà,delà

Pareil à la

Feuille morte.




Tradução de Alphonsus de Guimaraens -1870-1921:



Os soluços graves

Dos violinos suaves

Do outono

Ferem a minh'alma

Num langor de calma

E sono.


Sufocado,em ânsia,

Ai!quando à distância

Soa a hora,

Meu peito magoado

Relembra o passado

E chora.



Daqui, dali, pelo

Vento em atropelo

Seguido,

Vou de porta em porta,

Como a folha morta,

Batido...



Tradução de Nelson Ascher:


Violinos com

seu choro assom-

bram o outono

e eu, corpo mor-

to de torpor,

me abandono.


Quase sem ar,

desmaio ao soar

da hora enquanto,

lembrando em vão

os dias de então,

caio em pranto.


E o vento cruel

leva-me ao léu

pouco importa

aonde, em vaivém,

vago que nem

folha morta.



Tradução de Onestaldo de Pennafort:


Os longos sons

dos violões,

pelo outono,

me enchem de dor

e de um langor

de abandono.


E choro, quando

ouço, ofegando,

bater a hora,

lembrando os dias,

e as alegrias

e ais de outrora.


E vou-me ao vento

que, num tormento,

me transporta

de cá pra lá,

como faz à

folha morta.




Tradução de Guilherme de Almeida:


Estes lamentos

Dos violões lentos

Do outono

Enchem minha alma

De uma onda calma

De sono.


E soluçando,

Pálido, quando

Soa a hora,

Recordo todos

Os dias doidos

De outrora.


E vou à toa

No ar mau que voa.

Que importa?

Vou pela vida,

Folha caída

E morta.



Tradução de Isaias Edson Sidney:


Violões de outono

sangram minha alma;

não me acalma

o som do vento

que traz um lento

sofrimento.


Eu tanto imploro

quando recordo

doce idade

do meu passado

que ainda choro

de saudade.






E não me importa

quanto sofri

por aí:

como a folha morta,

levada ao vento,

também morri.





Tradução de Fábio Malavoglia:



Essas glosas longas

das violas alongam

o outono

e fluem qual licor

de benção, langor

e sono.




Mas sufocante

lívida adiante

soa a hora,

e sei-me em vão

daquele então

quem chora.




E vou me assim

num vento ruim,

que importa?

Vou de cá, de lá,

folha que já

cai morta.





Tradução de Manuel Bandeira:




Estes lamentos

Dos violões lentos

Do outono

Enchem minha alma

De uma onda calma

De sono.




E soluçando,

Pálido, quando

Soa a hora,

Recordo todos

Os dias doidos

De outrora.




E vou à toa

No ar mau que voa.

Que importa?

Vou pela vida,

Folha caída

E morta.






Tradução de Paulo Mendes Campos:





Os longos trinos

Dos violinos

Do outono

Ferem minh'alma

Com uma calma

Que dá sono.




Ao ressoar

A hora, alvar,

Sufocado,

Choro os errantes

Dias distantes

Do passado.




E em remoinho,

O ar daninho

Me transporta

De cá pra lá,

De lá pra cá,

Folha morta.




Tradução para o espanhol de Emilio Carrere:


La queja sin fin

del flébil violín

otoñal

hiere el corazón

de um lángudo son

letal.


S i emp re soñando

Siempre soñando

y febril cuando

suena la hora,

mi alma refleja

la vida vieja

y llora.


Y ar rast ra un c r u e n to

Y arrastra um cruento

perverso viento

a mi alma incierta

aquí y allá

igual que la

hoja muerta.



Tradução para o italiano de Giuseppe Cirigliano:



I lunghi singhiozzi

Dei violini

D'autunno

Mi feriscono il cuore

Con un languore

Monotono.


Tutto affannato

E pallido, quando

Rintocca l'ora,

Io mi ricordo

Dei giorni antichi

E piango;


E me ne vado

Nel vento maligno

Che mi porta

Di qua, di là,

Simile alla

Foglia morta.



Tradução para o inglês de Peter Low:


The long sobs

of autumn's

violins

wound my heart

with a monotonous

languor.


Suffocating

and pallid, when

the clock strikes,

I remember

the days long past

and I weep.


And I set off

in the rough wind

that carries me

hither and thither

like a dead

leaf.




(Ilustração: Henri Fantin-Latour – coin de table: sentados, da esquerda para a direita: Paul Verlaine, Arthur Rimbaud, Léon Valade, Ernest d'Hervilly et Camille Pelletan. De pé: Pierre Elzéar, Emile Blémont et Jean Aicard)





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