Calmes dans le demi-jour
Que les branches hautes font,
Pénétrons bien notre amour
De ce silence profond.
Fondons nos âmes, nos coeurs
Et nos sens extasiés,
Parmi les vagues langueurs
Des pins et des arbousiers.
Ferme tes yeux à demi,
Croise tes bras sur ton sein,
Et de ton coeur endormi
Chasse à jamais tout dessein.
Laissons-nous persuader
Au souffle berceur et doux
Qui vient à tes pieds rider
Les ondes de gazon roux.
Et quand, solennel, le soir
Des chênes noirs tombera,
Voix de notre désespoir,
Le rossignol chantera.
Tradução de Onestaldo de Pennafort:
Calmo, na paz que difunde
a sombra nos altos ramos,
que o nosso amor se aprofunde
neste silêncio em que estamos.
Coração, alma e sentidos
se confundam com estes ais
que exalam, enlanguescidos,
medronheiros e pinhais.
Fecha os olhos mansamente
e cruza as mãos sobre o seio.
Do teu coração dolente
afasta qualquer anseio.
Deixemo-nos enlevar
ao embalo desta brisa
que a teus pés, doce, a arrulhar,
a relva crestada frisa.
E quando a noite sombria
dos carvalhos for baixando,
o rouxinol a agonia
da nossa alma irá cantando.
Tradução de Guilherme de Almeida:
Calmos, na sombra incolor
Que dos galhos altos vem,
Impregnemos nosso amor
Deste silêncio de além.
Juntemos os corações
E as almas sentimentais
Entre as vagas lassidões
Das framboesas, dos pinhais.
Cerra um pouco o olhar, no teu
Seio pousa a tua mão,
E da alma que adormeceu
Afasta toda intenção.
Deixemo-nos persuadir
Pelo sopro embalador
Que vem a teus pés franzir
As ondas da relva em flor.
A noite solene, então,
Dos robles negros cairá,
E, voz da nossa aflição,
O rouxinol cantará.
(Ilustração: Leonid Afremov – desire)
Debussy musicou este poema lindamente!
ResponderExcluirQue legal! Adoro Debussy e vou tentar encontrar a música.
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