sexta-feira, 12 de outubro de 2018

ARCHAISCHER TORSO APOLLOS / TORSO ARCAICO DE APOLO, de Rainer Maria Rilke









Wir kannten nicht sein unerhörtes Haupt,

darin die Augenäpfel reiften. Aber

sein Torso glüht noch wie ein Kandelaber,

in dem sein Schauen, nur zurückgeschraubt,



sich hält und glänzt. Sonst könnte nicht der Bug

der Brust dich blenden, und im leisen Drehen

der Lenden könnte nicht ein Lächeln gehen

zu jener Mitte, die die Zeugung trug.



Sonst stünde dieser Stein entstellt und kurz

unter der Schultern durchsichtigem Sturz

und flimmerte nicht so wie Raubtierfelle;



und bräche nicht aus allen seinen Rändern

aus wie ein Stern: denn da ist keine Stelle,

die dich nicht sieht. Du mußt dein Leben ändern.



Tradução de Manuel Bandeira:

Não sabemos como era a cabeça, que falta,

de pupilas amadurecidas. Porém

o torso arde ainda como um candelabro e tem,

só que meio apagada, a luz do olhar, que salta



e brilha. Se não fosse assim, a curva rara

do peito não deslumbraria, nem achar

caminho poderia um sorriso e baixar

da anca suave ao centro onde o sexo se alteara.



Não fosse assim, seria essa estátua uma mera

pedra, um desfigurado mármore, e nem já

resplandecera mais como pele de fera.



Seus limites não transporia desmedida

como uma estrela; pois ali ponto não há

que não te mire. Força é mudares de vida.





(Ilustração:  torso de Apolo; foto da a. não identificado) 






Nenhum comentário:

Postar um comentário