domingo, 24 de janeiro de 2010

SONETO, de Cláudio Manuel da Costa







Quando cheios de gosto, e de alegria

Estes campos diviso florescentes,

Então me vêm as lágrimas ardentes

Com mais ânsia, mais dor, mais agonia.



Aquele mesmo objeto, que desvia

Do humano peito as mágoas inclementes,

Esse mesmo em imagens diferentes

Toda a minha tristeza desafia.




Se das flores a bela contextura

Esmalta o campo na melhor fragrância,

Para dar uma idéia de ventura;



Como, ó Céus, para os ver terei constância,

Se cada flor me lembra a formosura

Da bela causadora de minha ânsia?







(Ilustração: Van Gogh - fields with poppies)

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