Artigo 1.
e que de mãos dadas
trabalharemos todos pela vida verdadeira.
têm direito a converter-se em manhãs de Domingo.
que os girassóis terão direito
a abrir-se dentro da sombra;
e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,
abertas para o verde onde cresce a esperança.
duvidar do homem.
Que o homem confiará no homem
como a palmeira confia no vento,
como o vento confia no ar,
como o ar confia no campo azul do céu.
como um menino confia em outro menino.
Nunca mais será preciso usara couraça do silêncio
nem a armadura de palavras.
O homem se sentará à mesa
com seu olhar limpo
porque a verdade passará a ser servida
antes da sobremesa.
e o lobo e o cordeiro pastarão juntos
e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.
o reinado permanente da justiça e da claridade
e a alegria será uma bandeira generosa
para sempre desfraldada na alma do povo.
não poder dar-se amor a quem se ama
e saber que é a água
que dá à planta o milagre da flor.
tenha no homem o sinal de seu suor.
Mas que sobretudo tenha sempre
o quente sabor da ternura.
o uso do traje branco.
que o homem é um animal que ama
e que por isso é belo,
muito mais belo que a estrela da manhã.
inclusive brincar com os rinocerontes
e caminhar pelas tardes
com uma imensa begônia na lapela.
amar sem amor.
não poderá nunca mais comprar
o sol das manhãs vindouras.
Expulso do grande baú do medo,
o dinheiro se transformará em uma espada fraternal
para defender o direito de cantare a festa do dia que chegou.
e do pântano enganoso das bocas.
A partir deste instante
a liberdade será algo vivo e transparente
como um fogo ou um rio,
ou como a semente do trigo,
e a sua morada será sempre o coração do homem.
(Ilustração: Goya - may-third)
Mandamentos de minha religiào.
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