Vendo o soberbo Amor, que eu resistia
Ao seu poder com ânimo arrogante,
Mostrou-me um doce, angélico semblante
Que a própria Vênus invejar devia.
Minha néscia altivez, minha ousadia
Em submissão troquei no mesmo instante;
E o deus tirano, achando-me triunfante,
Com voz insultadora me dizia:
“Tu, que escapar às minhas setas queres,
Vil mortal, satisfaze o teu desejo,
Vê, vê Corina, e foge, se puderes”.
“Amor (lhe respondi) rendido a vejo;
Adoro os olhos seus, com que me feres,
Venero as tuas leis, teus ferros beijo”.
(Sonetos de Bocage)
(Ilustração: Adrian Gottlieb - Sophia)
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