segunda-feira, 21 de setembro de 2009
AI, FLORES DO VERDE PINHO, de Dom Diniz
Ai, flores, ai, flores do verde pїo
se sabedes novas de meu amigo?
ai, Deus, e u é?
Ai, flores, ai, flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado?
ai, Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que mentiu do que pôs comigo?
ai, Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mi á jurado?
ai, Deus, e u é?
- Vós me preguntades polo voss’amigo?
E eu ben vos digo é san’ e vivo:
ai, Deus, e u é?
Vós me preguntades polo voss’amado?
E eu ben vos digo que é viv’ e san:
ai, Deus, e u é?
E eu ben vos digo que é san’ e vivo
e seerá vosc’ ant’ o prazo saído:
ai, Deus, e u é?
E eu ben vos digo que é viv’ e san’
E s[e]era vosc’ ant’ o prazo passado:
ai, Deus, e u é?
(A Poesia dos Trovadores; C.V., 171; C.B.N., 533)
Notas:
Pїo: pinheiro.
Ai, Deus, e u é?: onde está?
Mentiu do que pôs comigo: faltou àquilo que combinou comigo.
Seerá vosc’ ant’ o prazo saído: estará convosco no prazo estipulado.
(Ilustração: Liu Yuanshou)
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Gosto muito desta cantiga de amigo de D. Diniz, desde quando a li a primeira vez. Há décadas. Ah, como ela me lembra que sou velho! E sempre com o seu frescor de dolorida juventude. O "dolorida" por conta do tema, mas a juventude salta aos olhos, como o orvalho do amanhecer nas folhas do pinheiro - porque a cantiga fala em pinheiro, mas para mim nas folhas tenras da minha infância.
ResponderExcluirAbraços.