domingo, 14 de agosto de 2022

MUJER / MULHER, Alaide Foppa

 





Un ser que aún no

acaba de ser,

no la remota rosa

angelical,

que los poetas cantaron.

No la maldita bruja que

los inquisidores quemaron.

No la temida y deseada

prostituta.

No la madre bendita.

No la marchita y burlada

Solterona.

No la obligada a ser buena.

No la obligada a ser mala.

No la que vive

porque la dejan vivir.

No la que debe siempre

decir que sí.

Un ser que trata

de saber quién es

y que empieza a existir.



Tradução de Wagner Mourão Brasil:



Um ser que ainda não

desiste de ser,

não a remota rosa

angelical,

que os poetas cantaram.

Não a maldita bruxa que

os inquisidores queimaram.

Não a temida e desejada

prostituta.

Não a mãe abençoada.

Não a murcha e ludibriada

Solteirona.

Não a obrigada a ser boa.

Não a obrigada a ser má.

Não a que vive

porque a deixam viver.

Não a que deve sempre

dizer que sim.

Um ser que cuida

de saber quem é

e que começa a existir.



(Ilustração: 
Elisa Riemer)

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