Se ne scrivono ancora.
Si pensa ad essi mentendo
ai trepidi occhi che ti fanno gli auguri
l’ultima sera dell’anno.
Se ne scrivono solo in negativo
dentro un nero di anni
come pagando un fastidioso debito
che era vecchio di anni.
No, non è più felice l’esercizio.
Ridono alcuni: tu scrivevi per l’Arte.
Nemmeno io volevo questo che volevo ben altro.
Si fanno versi per scrollare un peso
e passare al seguente. Ma c’è sempre
qualche peso di troppo, non c’è mai
alcun verso che basti
se domani tu stesso te ne scordi.[1]
Tradução de Aurora Fornoni Bernardini:
Ainda se escrevem.
Neles pensa-se mentindo
aos trépidos olhos que na última noite do ano
desejam-te o melhor.
Escrevem-se só no negativo
dentro de um atro de anos
como pagando uma dívida enfadonha
velha de anos.
Não, não é mais feliz o exercício.
Riem alguns: tu escrevias pela Arte.
Nem eu queria isso que queria outra coisa.
Fazem-se versos para sacudir um peso
e passar ao seguinte. Mas sempre há
algum peso a mais, não há nunca
algum verso que baste
se amanhã tu mesmo o esquecerás.
Nota:
[1] De: SERENI, Vittorio. Gli strumenti umani. Torino: Einaudi, 1965.
(“Seis poetas italianos”. In Literatura Italiana Traduzida, v.1., n.8, ago. 2020)
(Ilustração: Vincent Willem van Gogh - Noite Estrelada Sobre o Ródano)
quinta-feira, 6 de maio de 2021
I VERSI / OS VERSOS, de Vittorio Sereni
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