Tetin refaict, plus blanc qu’un oeuf,
Tetin de satin blanc tout neuf,
Tetin qui fait honte à la rose,
Tetin plus beau que nulle chose ;
Tetin dur, non pas Tetin, voyre,
Mais petite boule d’Ivoire,
Au milieu duquel est assise
Une fraize ou une cerise,
Que nul ne voit, ne touche aussi,
Mais je gaige qu’il est ainsi.
Tetin donc au petit bout rouge
Tetin qui jamais ne se bouge,
Soit pour venir, soit pour aller,
Soit pour courir, soit pour baller.
Tetin gauche, tetin mignon,
Tousjours loing de son compaignon,
Tetin qui porte temoignaige
Du demourant du personnage.
Quand on te voit il vient à mainctz
Une envie dedans les mains
De te taster, de te tenir ;
Mais il se faut bien contenir
D’en approcher, bon gré ma vie,
Car il viendroit une aultre envie.
O tetin ni grand ni petit,
Tetin meur, tetin d’appetit,
Tetin qui nuict et jour criez
Mariez moy tost, mariez!
Tetin qui t’enfles, et repoulses
Ton gorgerin de deux bons poulses,
A bon droict heureux on dira
Celluy qui de laict t’emplira,
Faisant d’un tetin de pucelle
Tetin de femme entiere et belle.
Tradução de David Mourão-Ferreira:
Teta perfeita, branca como um ovo,
Teta de cetim feita, cetim novo,
Teta da qual a rosa tem vergonha,
Teta melhor que tudo o que se sonha,
Teta dura, nem teta, mas enfim
Comparável a bola de marfim,
E no centro da qual somente esteja
Um rubi de morango ou de cereja
Que ninguém vê nem toca por enquanto,
Mas que aposto ser tal como eu o canto:
Teta de bico pois tão encarnado
Que parece por agora sossegado,
Quer ela vá correndo ou vá andando,
Quer ela vá partindo ou vá saltando:
Teta do lado esquerdo, tão matreira,
Sempre longe da sua companheira,
Teta que és testemunha e viva imagem
De compostura tal da personagem
Que só de ver-te assim como te vejo
Nasce dentro das mãos este desejo
De toda te palpar e possuir:
Mas é preciso eu próprio me impedir
De mais me aproximar, pois não duvido
Depois desse desejo outro surgido…
Ó teta nem modesta nem vistosa,
Teta madura, teta apetitosa,
Teta que noite e dia ouço gritar:
“Depressa me casai, quero casar!”
Com justiça, feliz se vai dizer
Aquele que de leite te há-de encher,
Fazendo de uma teta de donzela
Teta de dona inteiramente bela.
(Ilustração: Pietro di Cosimo - c. 1520: Simonetta Vespucci)
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