Fluye el tiempo inmortal y en su latido
sólo palpita estéril insistencia,
sorda avidez de nada, indiferencia,
pulso de arena, azogue sin sentido.
veo, ya edad, el sueño y la inocencia,
puñado de aridez en mi conciencia,
sílabas que disperso sin rüido.
Vuelvo el rostro: no soy sino la estela
de mí mismo, la ausencia que deserto,
el eco del silencio de mi grito.
haz de reflejos, simulacro incierto:
al penetrar en mí me deshabito.
Tradução de Wagner Mourão Brasil:
Flui o tempo eterno e em sua pulsação
apenas vibra estéril insistência,
surda avidez de nada, negligência,
pulso de areia, azougue sem razão.
Fixado enfim em datas o vivido
Vejo esvaírem-se o sonho e a inocência,
punhado de aridez na consciência,
sílabas que disperso sem ruído.
Volvo o rosto: não sou senão parcela
de mim mesmo, a ausência que deserto,
o eco do silêncio de meu grito.
Olhar que quando se olha se congela,
feixe de reflexos, espectro incerto:
ao penetrar em mim me desabito.
(Ilustração: Jaroslaw Kukowski)
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