quinta-feira, 13 de março de 2014

PEQUEÑO MONUMENTO/ PEQUENO MONUMENTO, de Octávio Paz




    




A Alí Chumacero



Fluye el tiempo inmortal y en su latido


sólo palpita estéril insistencia,

sorda avidez de nada, indiferencia,

pulso de arena, azogue sin sentido.



Resuelto al fin en fechas lo vivido

veo, ya edad, el sueño y la inocencia,

puñado de aridez en mi conciencia,

sílabas que disperso sin rüido.



Vuelvo el rostro: no soy sino la estela

de mí mismo, la ausencia que deserto,

el eco del silencio de mi grito.



Mirada que al mirarse se congela,

haz de reflejos, simulacro incierto:

al penetrar en mí me deshabito.




Tradução de Wagner Mourão Brasil:





Flui o tempo eterno e em sua pulsação

apenas vibra estéril insistência,

surda avidez de nada, negligência,

pulso de areia, azougue sem razão.



Fixado enfim em datas o vivido

Vejo esvaírem-se o sonho e a inocência,

punhado de aridez na consciência,

sílabas que disperso sem ruído.



Volvo o rosto: não sou senão parcela

de mim mesmo, a ausência que deserto,

o eco do silêncio de meu grito.



Olhar que quando se olha se congela,

feixe de reflexos, espectro incerto:

ao penetrar em mim me desabito.







(Ilustração: Jaroslaw Kukowski)














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