Le poète au cachot, débraillé, maladif,
Roulant un manuscrit sous son pied convulsif,
Mesure d'un regard que la terreur enflamme
L'escalier de vertige où s'abîme son âme.
Les rires enivrants dont s'emplit la prison
Vers l'étrange et l'absurde invitent sa raison;
Le Doute l'environne, et la Peur ridicule,
Hideuse et multiforme, autour de lui circule.
Ce génie enfermé dans un taudis malsain,
Ces grimaces, ces cris, ces spectres dont l'essaim
Tourbillonne, ameuté derrière son oreille,
Ce rêveur que l'horreur de son logis réveille,
Voilà bien ton emblème, åme aux songes obscurs,
Que le Réel étouffe entre ses quatre murs!
Tradução de Ivan Junqueira e Jamil Haddad:
O poeta na masmorra, em desalinho, aflito,
Calcando sob o pé convulso um manuscrito,
Com olhar de terror mede a extensão da escada
Cuja vertigem lhe atordoa a alma abismada.
Risos frenéticos que ecoam na prisão
Ao estranho e ao absurdo arrastam-lhe a razão;
A Dúvida que o cerca e o ridículo Medo
O envolvem num horrendo e multiforme enredo.
Esse gênio encerrado em calabouço infame,
Os esgares, os ais e os duendes cujo enxame
Turbilhona por trás de seu alerta,
Esse que do êxtase o terror ora desperta,
Eis teu emblema, alma de frêmitos obscuros,
Que a Realidade abafa entre os quatro muros!
(Ilustração: Eugene Delacroix – Tasso in the mad house)
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