quarta-feira, 22 de junho de 2011

A FERMOSURA DESTA FRESCA SERRA, de Camões






A fermosura desta fresca serra
E a sombra dos verdes castanheiros,
O manso caminhar destes ribeiros,
Donde toda a tristeza se desterra;


O rouco som do mar, a estranha terra,
O esconder do sol pelos outeiros,
O recolher dos gados derradeiros,
Das nuvens pelo ar a branda guerra;


Enfim, tudo o que a rara Natureza
Com tanta variedade nos of'rece,
Me está, senão te vejo, magoando.


Sem ti, tudo me enjoa e me aborrece;
Sem ti, perpetuamente estou passando
Nas mores alegrias mor tristeza.



(Ilustração: Carolus Duran – fin d’eté Fontainebleau)



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