terça-feira, 25 de janeiro de 2011

PLENILÚNIO, de Augusto dos Anjos







Desmaia o plenilúnio. A gaze pálida
Que lhe serve de alvíssimo sudário
Respira essências raras, toda a cálida
Mística essência desse alampadário.


E a lua é como um pálido sacrário,

Onde as almas das virgens em crisálida
De seios alvos e de fronte pálida,
Derramam a urna dum perfume vário.


Voga a lua na etérea imensidade!

Ela, eterna noctâmbula do Amor,
Eu, noctâmbulo da Dor e da Saudade.


Ah! como a branca e merencórea lua,

Também envolta num sudário — a Dor,
Minh'alma triste pelos céus flutua!



(Eu e Outras Poesias)


(Ilustração: A. Andrews Gonzalez)





Nenhum comentário:

Postar um comentário