Querida! Ao pé do leito
derradeiro,
em que descansas desta longa
vida,
aqui venho e virei, pobre
querida,
trazer-te o coração de
companheiro.
Pulsa-lhe aquele afeto
verdadeiro
que, a despeito de toda a
humana lida,
fez a nossa existência
apetecida
e num recanto pôs um mundo
inteiro...
Trago-te flores - restos
arrancados
da terra que nos viu passar
unidos
e ora mortos nos deixa e
separados;
que eu, se tenho, nos olhos
malferidos,
pensamentos de vida
formulados,
são pensamentos idos e
vividos.
(Obra completa)
(Ilustração: Paul Kleee – cimetière)
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