domingo, 25 de fevereiro de 2024

TO A MOUSE, ON TURNING HER UP NEST WITH THE PLOUGH / A UM CAMUNDONGO, AO REVIRÁ-LO NO SEU NINHO COM O ARADO, de Robert Burns

 



NOVEMBER 1785



I



Wee, sleekit, cowrin, tim’ beastie,

O, what a panic’s thy breastie!

Thou need na start awa sae hasty

Wi’ bickering brattle!

I wad be laith to rin an’ chase thee,

Wi’ mudering pattle!



II



I’m truly sorry man’s dominion

Has broken Nature’s social union,

An’ justifies that ill opinion

Wich makes thee startle

At me, thy poor, earth-born companion

An’ fellow mortal!



III



I doubt na, whyles, but thou may thieve;

What then? poor beastie, thou maun live!

A daimen icker in a thrave

’S a sma’ request;

I’ll get a blessin wi’ the lave,

An’ never miss’t!



IV



Thy wee-bit housie, too, in ruin!

Its silly wa’s the win’s are strewin!

An’ naething, now, to big a new ane,

O’ foggage green!

An’ bleak December’s win’s ensuing,

Baith snell an’ keen!



V



Thou saw fields laid bare an’ waste,

An’ weary winter comin fast,

An’ cozie here, beneath the blast,

Thou thought to dwell,

Till crash! the cruel coulter past

Out thro’ thy cell.



VI



That wee bit heap o’ leaves an’ stibble,

Has cost thee monie a weary nibble!

Now thou’s turned out, for a’ thy trouble,

But house or hald,

To thole the winter’s sleety dribble,

An’ cranreuch cauld!



VII



But Mousie, thou art no thy lane,

In proving foresight may be vain:

The beast-laid schemes o’ mice an’ men

Gang aft agley,

An’ lea’e us nought but grief an’ pain,

For promis’d joy!



VIII



Still thou art blest, compared wi’ me!

The present only touched thee:

But och! I backward cast me e’e,

On prospects drear!

An’ forward, tho’ I canna see,

I guess an’ fear!



Tradução de Luiza Lobo:



NOVEMBRO 1875



I



Suave, encolhido, tímido animalzinho,

Oh, que terror se aperta em teu peitinho!

Não precisas te precipitar

Em temerosa corrida!

Eu não desejava te arreliar e perseguir

Com enxadão assassino!



II



Sincero lastimo a humana dominação

A quebrar da Natureza a social união,

E a justificar tão má opinião

Que o faz saltar

Longe de mim, teu pobre companheiro

Terreno e mortal!



III



Não duvido, tu és o meu ladrão;

E então? animalzinho, precisas sobreviver!

Um grãozinho de milho num monte de grãos

É pequena requisição;



Será uma dádiva o que me deixares

Nunca sentirei o que me roubares!



IV



E tua casinhola, também em ruínas!

Seus tolos muros pelos ventos carregados!

E nada já para construir-te uma casa nova,

Mesmo de áspero capim!

E em dezembro, as invernais ventanias

Aparecem, cortantes e severas!



V



Tu viste os campos desertos, devastados,

E o árido inverno rápido chegado,

E, comodamente, sob os vendavais,

Aqui pensaste em habitar!

Até que um som cruel cortou numa fatia

Crash! A tua morada.



VI



Este feixe de folhas e restolhos,

Como te custou exaustivos bocados,

Agora foste expulso, apesar dos cuidados,

Sem abrigo nem casa ter,

A suportar chuvosa a fria geada,

E a terra sentir congelada!



VII



Mas camundonguinho, tu não estás sozinho

Ter precaução pode ser algo bem vão:

Os melhores planos de ratos e homens

Por vezes se arruínam

Deixando-nos imersos em tristeza e dor

Em lugar da prometida alegria!





VIII



És contudo feliz se comigo comparado!

Pois tão-somente o presente observas:

Enquanto eu, oh! quando para trás olho

Só planos frustrados enxergo!

E quando olho para frente nada vejo,

Senão maus augúrios, e estremeço!





(Robert Burns, 50 Poemas)


(Ilustração: Marianne von Werefkin, 1860–1938)





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