NOVEMBER 1785
I
Wee, sleekit, cowrin, tim’ beastie,
O, what a panic’s thy breastie!
Thou need na start awa sae hasty
Wi’ bickering brattle!
I wad be laith to rin an’ chase thee,
Wi’ mudering pattle!
II
I’m truly sorry man’s dominion
Has broken Nature’s social union,
An’ justifies that ill opinion
Wich makes thee startle
At me, thy poor, earth-born companion
An’ fellow mortal!
III
I doubt na, whyles, but thou may thieve;
What then? poor beastie, thou maun live!
A daimen icker in a thrave
’S a sma’ request;
I’ll get a blessin wi’ the lave,
An’ never miss’t!
IV
Thy wee-bit housie, too, in ruin!
Its silly wa’s the win’s are strewin!
An’ naething, now, to big a new ane,
O’ foggage green!
An’ bleak December’s win’s ensuing,
Baith snell an’ keen!
V
Thou saw fields laid bare an’ waste,
An’ weary winter comin fast,
An’ cozie here, beneath the blast,
Thou thought to dwell,
Till crash! the cruel coulter past
Out thro’ thy cell.
VI
That wee bit heap o’ leaves an’ stibble,
Has cost thee monie a weary nibble!
Now thou’s turned out, for a’ thy trouble,
But house or hald,
To thole the winter’s sleety dribble,
An’ cranreuch cauld!
VII
But Mousie, thou art no thy lane,
In proving foresight may be vain:
The beast-laid schemes o’ mice an’ men
Gang aft agley,
An’ lea’e us nought but grief an’ pain,
For promis’d joy!
VIII
Still thou art blest, compared wi’ me!
The present only touched thee:
But och! I backward cast me e’e,
On prospects drear!
An’ forward, tho’ I canna see,
I guess an’ fear!
Tradução de Luiza Lobo:
NOVEMBRO 1875
I
Suave, encolhido, tímido animalzinho,
Oh, que terror se aperta em teu peitinho!
Não precisas te precipitar
Em temerosa corrida!
Eu não desejava te arreliar e perseguir
Com enxadão assassino!
II
Sincero lastimo a humana dominação
A quebrar da Natureza a social união,
E a justificar tão má opinião
Que o faz saltar
Longe de mim, teu pobre companheiro
Terreno e mortal!
III
Não duvido, tu és o meu ladrão;
E então? animalzinho, precisas sobreviver!
Um grãozinho de milho num monte de grãos
É pequena requisição;
Será uma dádiva o que me deixares
Nunca sentirei o que me roubares!
IV
E tua casinhola, também em ruínas!
Seus tolos muros pelos ventos carregados!
E nada já para construir-te uma casa nova,
Mesmo de áspero capim!
E em dezembro, as invernais ventanias
Aparecem, cortantes e severas!
V
Tu viste os campos desertos, devastados,
E o árido inverno rápido chegado,
E, comodamente, sob os vendavais,
Aqui pensaste em habitar!
Até que um som cruel cortou numa fatia
Crash! A tua morada.
VI
Este feixe de folhas e restolhos,
Como te custou exaustivos bocados,
Agora foste expulso, apesar dos cuidados,
Sem abrigo nem casa ter,
A suportar chuvosa a fria geada,
E a terra sentir congelada!
VII
Mas camundonguinho, tu não estás sozinho
Ter precaução pode ser algo bem vão:
Os melhores planos de ratos e homens
Por vezes se arruínam
Deixando-nos imersos em tristeza e dor
Em lugar da prometida alegria!
VIII
És contudo feliz se comigo comparado!
Pois tão-somente o presente observas:
Enquanto eu, oh! quando para trás olho
Só planos frustrados enxergo!
E quando olho para frente nada vejo,
Senão maus augúrios, e estremeço!
(Robert Burns, 50 Poemas)
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