Si jamais il y eut plus clairvoyant qu'Ulysse,
Il n'aurait jamais pu prévoir que ce visage,
Orné de tant de grâce et si digne d'hommage,
Devienne l'instrument de mon affreux supplice.
Cependant ces beaux yeux, Amour, ont su ouvrir
Dans mon coeur innocent une telle blessure
– Dans ce coeur où tu prends chaleur et
nourriture –
Que tu es bien le seul à pouvoir m'en guérir.
Cruel destin ! Je suis victime d'un Scorpion,
Et je ne puis attendre un remède au poison
Que du même animal qui m'a empoisonnée!
Je t'en supplie, Amour, cesse de me tourmenter!
Mais n'éteins pas en moi mon plus précieux
désir,
Sinon il me faudra fatalement mourir.
Tradução de Wagner Mourão Brasil e Isaias Edson
Sidney:
Se jamais houve alguém mais astuto que
Odisseus,
Não teria previsto esse alguém que um tal rosto
Pudesse me causar tanta dor e desgosto,
Por ser o mais formoso e mais belo que um deus.
Tais belos olhos, no entanto, Amor, souberam
cavar
Nesse meu coração inocente tal ferida
– Nesse coração quente a te dar sempre guarida
–
Que tu, somente tu, tens poder de curar.
Cruel destino! Fez-me picar o escorpião,
E só posso esperar alívio para esse mal
Picando-me de novo esse mesmo animal!
Eu to suplico, Amor, paz ao meu coração!
Não tentes, no entanto, extinguir-me o querer,
Sem ele, eu estarei fatalmente a morrer.
Traducão de Sergio Duarte:
Nem heróis como Ulisses e outros mais
Por mais sagazes e por mais divinos
Cheios de graça e louros peregrinos
Desafios provaram aos meus iguais.
Brilho desses olhos tão sensuais
Tanto inflamou meus sonhos femininos
Que para meus ardores repentinos
Não há remédio, se vós não m'o dais.
Ó dura sorte, que me faz igual
A quem pede socorro ao escorpião
Contra o veneno do mesmo animal.
Só peço que não me venha a fenecer
Esse desejo no meu coração
Porque, sem ele, é bem melhor morrer.
(Ilustração: escultura de Bernini - Apollo
and Daphne)
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