quarta-feira, 20 de março de 2019

O POETA COMO HERÓI: PESSOA E CARLYLE [1], de Leyla Perrone-Moisés







Sabemos que, em sua adolescência, Fernando Pessoa foi um leitor admirativo de Thomas Carlyle. O escritor escocês constava no currículo escolar do jovem poeta [2] , e em sua biblioteca continuou constando, através dos anos, o livro Sartor, Resartus. Heroes Past and Present [3]. Esta obra permaneceu viva na memória do poeta, que a refere em alguns escritos. Por exemplo: ele cita a mesma frase do Carlyle em dois fragmentos do Livro do desassossego [4].

Em seu livro Fernando Pessoa na África do Sul, Alexandrino E. Severino dedicou um capítulo à influência de Carlyle sobre Pessoa, em particular no que concerne ao papel do poeta no governo da nação. O que aqui pretendo examinar é, de modo mais geral, a concepção do poeta como herói, e as diversas posições assumidas por Pessoa, como homem e como poeta, com respeito a essa concepção.

A concepção do poeta como herói foi introduzida pelos românticos alemães e levada para a Inglaterra por Thomas Carlyle. Em suas famosas conferências “The Hero as Man of Letters” e “The Poet as Hero”[5], ambas de 1840, Carlyle observava que os heróis de tipo divino ou profético pertenciam a tempos remotos e já não eram cultuados no mundo moderno. E ele propunha que se considerassem os escritores como os heróis das novas eras.

Curiosamente, a primeira conferência, “The Hero as Man of Letters”, contém mais informações sobre a concepção do poeta como herói do que a segunda, intitulada precisamente “The Poet as Hero”. Nesta segunda conferência, o ensaísta apenas exemplifica sua tese, apontando Shakespeare, Goethe e Dante como heróis nacionais de seus respectivos países. É na primeira, portanto, que nos deteremos.

As principais ideias expostas por Carlyle são as seguintes:

1) A difusão da imprensa trouxe uma nova forma de heroísmo que se manterá nas eras futuras;

2) O escritor deve ser encarado como a mais importante das pessoas modernas;

3) A vida de um escritor nos permite conhecer melhor o tempo que o produziu e no qual viveu;

4) A função do escritor é a mesma que as eras passadas atribuíam ao Profeta, ao Sacerdote e à Divindade;

5) A Literatura é uma forma de revelação.

6) A sociedade contemporânea oferece condições difíceis para o escritor, do ponto de vista moral e material; no entanto, ela deveria reconhecer sua importância e dar-lhe o governo das nações.

7) Essa sociedade é miserável e “pestilenta”, mas vai melhorar no futuro; o ceticismo moral e intelectual deve ser vencido, porque “o homem vive por acreditar em alguma coisa, não por debater e discutir sobre muitas coisas” [“A man lives by believing something, not by debating and arguing about many things.”].

8) Não devemos pensar em salvar o mundo, porque Deus cuidará disso. Devemos olhar para nós mesmos e cumprir o “dever de ficar em casa” [“the ‘duty of staying home’”].

9) O Herói-Homem-de-Letras merece ser adorado e seguido por adoradores. Mas permanece tranquilo e indiferente à celebridade.

10) O Herói-Homem-de-Letras não é um vitorioso, mas um herói que tombou [“a fallen Hero”].

Examinemos, agora, em que medida Fernando Pessoa adotou essas ideias de Carlyle. Em sua juventude, ele mantinha a convicção romântica de que a literatura era uma forma de revelação, de que o poeta tinha uma missão transcendente a cumprir e uma vocação imperiosa a honrar: “a terrível e religiosa missão que todo homem de gênio recebe de Deus com o seu gênio” (carta a Armando Cortes Rodrigues, 19/01/1915).

Como afirmava Carlyle, Pessoa acreditava que os homens de letras (“os homens do sonho”) deviam ter um papel relevante no governo das nações. Em outra carta ao mesmo destinatário (02/09/1914), o poeta dizia estar escrevendo uma “Teoria da República Aristocrática”, à maneira de Carlyle.

Em vários pontos de sua obra, Pessoa lamentou que o mundo de seu tempo não permitisse mais a aliança do sonho com a ação, como ocorrera em Portugal, na era dos Descobrimentos. Esse ideal heroico permanece, em sua obra poética e ensaística, sob a forma de utopia messiânica. É em Mensagem que o poeta celebra os heróis de seu país, como inspiração para um futuro “império” português. Sabemos, porém, que as propostas de Pessoa não concerniam diretamente à res publica, e que o Quinto Império por ele anunciado seria um império cultural.

A visão de sua época como uma época de decadência também é fartamente expressa em sua obra. A vulgarização da imprensa, como qualquer vulgarização, o desgostava. O pequeno número de suas publicações, em contraste com a espantosa abundância de seus textos inéditos, mostra ao mesmo tempo a alta conta em que tinha o Livro e a baixa expectativa com relação ao público virtual. No Livro do desassossego, podemos ler: “Publicar-se – socialização de si próprio. Que ignóbil necessidade! Mas ainda assim que afastada de um acto – o editor ganha, o tipógrafo produz. O mérito da incoerência ao menos.” (LD 216) [“To be published – the socialization of oneself. (Contemptible necessity! But still not involving an act, since it is the editor who earns, the printer who produces.) It at least has the merit of incoherence.[6]”]

Entretanto, os textos pessoanos mostram o quanto a situação se agravou desde o início do século XIX. Carlyle era cristão, acreditava num Deus providencial. Pessoa considerava o cristianismo uma doença de nossa civilização. Ele viveu o tempo da ausência dos deuses, do silêncio dos oráculos, tempo em que o Poeta não era mais o Profeta e o Sacerdote, mas apenas um emissário sem credenciais.

Ainda religioso, Carlyle acreditava na Verdade com V maiúsculo e considerava a sinceridade como a principal qualidade do Poeta. Pessoa não acreditava na existência de uma verdade única, e relativizou ao extremo a sinceridade do poeta. Finalmente, Carlyle era otimista quanto ao futuro, enquanto Pessoa incorre, muitas vezes, no pecado de niilismo condenado pelo escritor escocês. Quando, no fim de Mensagem, ele escreve “É a Hora!”, essa Hora oculta no nevoeiro é mais uma aspiração do que uma crença. Mais adequada ao poeta, porque mais constante, é a constatação de Álvaro de Campos: “Os deuses vão-se, como forasteiros. / Como uma feira acaba a tradição. / Somos todos palhaços e estrangeiros. / A nossa vida é palco e confusão.”

Assim como Carlyle, Pessoa não acreditava nos programas políticos redentores, em especial os programas socialistas. Sua concepção da sociedade é aristocrática, baseada em valores que a massa não poderia absorver. Por isso, os heterônimos cumpriam “the duty of staying home”. Todos são caseiros: Álvaro de Campos fica “em casa sem camisa”; Alberto Caeiro permanece em sua casa da colina; Ricardo Reis, fica sentado à beira-rio ou beira-mar, contemplando; Bernardo Soares é, literalmente, “o da mansarda”. A diferença é que Carlyle deixava o mundo a cargo da providência divina, e Pessoa, em suas várias encarnações, é predominantemente cético.

O Herói-Homem-de-Letras de Carlyle é indiferente à celebridade. Segundo ele, a celebridade é apenas a luz de uma vela [“celebrity is but the candle-light”]. Embora sonhasse eventualmente com ela, o homem Pessoa jamais a buscou, deixando a fama “para as atrizes e os produtos farmacêuticos” (Ultimatum de Álvaro de Campos).

Em vários pontos de sua obra, Pessoa se autoqualifica como um Anti-Herói: “Não sou nada, nunca serei nada”, “sou reles, sou vil como toda a gente” (Álvaro de Campos), “sou ninguém” (Fernando Pessoa “ele mesmo” e Bernardo Soares). No Livro do desassosego, lemos: “Fui génio mais que nos sonhos e menos que na vida. A minha tragédia é esta. Fui o corredor que caiu quase na meta, sendo, até aí, o primeiro.” (LD 279). [“I was a genius in more than dreams and in less than life. That is my tragedy. I was the runner who led the race until he fell down, right before the finishing line[7]. Reencontramos, aí, o “herói que tombou” (“the fallen Hero”) de Carlyle. Os três Heróis-Homens-de-Letras de Carlyle - Johnson, Rousseau e Burns – foram, em suas existências, heróis decaídos, confrontados à pobreza material e à incompreensão da sociedade, como Pessoa.

Todos os comentaristas de Carlyle observam a natureza trágica do herói-escritor, que num período de crise da sociedade só pode ser um “Meio-Herói” [“Half-Hero”]. A tentativa de enaltecer esse novo tipo de herói é ela mesma falida. Resta apenas um consolo: esses heróis decaídos tombaram por nós, abrindo caminho para nós [“They fell for us too, making a way for us”.]. Bernardo Soares também tenta reverter a falência em vitória: “Façamos de nossa falência uma vitória, uma coisa positiva e erguida, com colunas, majestade e aquiescência espiritual.” (LD 290) [“Let’s make our failure into a victory, into something positive and lofty, endowed with columns, majesty and our mind’s consent.” [8].

Como Carlyle, ele recorre a Rousseau para ilustrar essa idéia:

Rousseau é o homem moderno, mas mais completo que qualquer homem moderno. Das fraquezas que o fizeram falir tirou – ai dele e de nós! – as forças que o fizeram triunfar. O que partiu dele venceu, mas nos lábaros de sua vitória, quando entrou na cidade, viu-se que estava escrita, em baixo, a palavra ‘Derrota’. No que dele ficou para trás, incapaz do esforço de vencer, foram as coroas e os ceptros, a majestade de mandar e a glória de vencer por destino incerto. (LD 243) [Rousseau is the modern man, but more complete than any modern man. From the weaknesses that made him fail, he extracted – alas for him and for us! – the forces that made him triumph. The part of him that came forth conquered, but on his victory banners, when he entered the city, there appeared the word ‘Defeat’. In the part of him that stayed behind, incapable of struggling to conquer, there were crowns and sceptres, the majesty of rule and the glory of conquest – his by an inner destiny. (BD 143)]

Pessoa pertence a uma linhagem de heróis decaídos, ou gênios desqualificados da alta modernidade. O fragmento acima citado nos remete ao texto de Baudelaire sobre Edgar Poe, que assim se inicia: “Há, na literatura de cada país, homens que trazem a palavra infortúnio escrita, em caracteres misteriosos, nas rugas sinuosas de sua fronte”[9]. Baudelaire foi leitor de Carlyle, e é certamente este que está por detrás de sua interpretação de Poe, e que o faz dizer: “Edgar Poe, bêbado, pobre, perseguido, pária, agrada-me mais do que, calmo e virtuoso, um Goethe ou um Walter Scott”[10]. Baudelaire faz a mesma comparação que Carlyle, equiparando o poeta a Cristo, que sofreu por nós, e considerando-o como um santo cuja intercessão podemos solicitar.

Onde Baudelaire vai mais longe que Carlyle e os românticos, abrindo a modernidade a um poeta como Pessoa, é quando ele ousa afirmar que Poe foi grande como caricatura, como malabarista, como farceur[11]. Isto é, como Anti-Herói, a condição que resta ao poeta num ambiente hostil à poesia, um ambiente que não lhe concede mais um lugar de destaque e lhe nega até mesmo as condições de uma vida material digna.

Walter Benjamin retomou essa definição do poeta como herói da modernidade em Charles Baudelaire, um lírico no auge do capitalismo[12]. Diz ele: “O poeta encontra o lixo da sociedade nas ruas e, no próprio lixo, seu assunto heroico”; e cita Baudelaire, “despedindo-se deste mundo onde o sonho e a ação vivem a sós”. Creio ser dispensável mostrar a afinidade dessas considerações com as do Livro do desassossego. Incógnito na multidão da sociedade de massa, o poeta é um anti-herói, visto como um homem qualquer (“sem auréola”, dizia Baudelaire, “sem grinalda”, dizia Álvaro de Campos), um homem até mesmo desprezado por sua condição pouco relevante. Mas, paradoxalmente, por isso mesmo o poeta é um herói. Sua persistência na atividade poética é um ato de heroísmo na sociedade moderna.

Hoje, num outro século e outro milênio, Pessoa foi, postumamente, erigido à condição de gênio da literatura moderna. Pelo menos num texto, ele tinha previsto sua celebridade futura:

Eu, porém, que na vida transitória não sou nada, posso gozar a visão do futuro a ler esta página, pois efectivamente a escrevo; posso orgulhar-me, como de um filho, da fama que terei, porque, ao menos, tenho com que a ter. E quando penso isto, erguendo-me da mesa, é com uma íntima majestade que a minha estatura invisível se ergue acima de Detroit, Michigan, e de toda a praça de Lisboa. (LD 163) [I, however, who in this transitory life am nothing, can enjoy the thought of the future reading this very page, since I do actually write it; I can take pride – like a father in his son – in the fame I will have, since at least I have something that could bring me fame. And I think this, rising from the table, my invisible and inwardly majestic stature rises above Detroit, Michigan, and over all the commercial district of Lisbon[13].]

Não apenas Pessoa foi reconhecido como um dos maiores poetas do século XX, mas tornou-se personagem de romances, de filmes, de peças de teatro e até de balés. Como figura humana, foi transformado em ícone, inspirador de grandes artistas plásticos. Na sociedade de consumo que é a nossa, tornou-se também boneco de louça e ilustração de tshirts para turistas. Pessoa, que era tão discreto em sua aparência e em seu comportamento, acabou sendo uma caricatura dele mesmo. Isto é “celebridade”, no sentido vulgar de figura conhecida.

Será esta a única acepção de Herói que a época atual permite? Carlyle, apoiando-se em considerações anteriores de Fichte[14], apontava a difusão da imprensa, na forma do mercado livreiro e do jornalismo, como uma das razões da vulgaridade do tempo em que viveram seus Heróis-Homens-de-Letras, Johnson, Rousseau e Burns: “Aquele não era um tempo de Fé – um tempo de Heróis! A própria possibilidade de Heroísmo tinha sido, como foi, formalmente abandonada em todas as mentes. O Heroísmo foi-se para sempre; Trivialidade, Formulismo e Lugar-Comum vieram para ficar.” [“That was not an age of Faith, - an age of Heroes! The very possibility of Heroism had been as it were, formally abnegated in the minds of all. Heroism is gone forever; Triviality, Formulism and Commonplace were come forever.”]. O que dizer, então, do poeta em nossa época de mercado e internet? Carlyle caracteriza seu tempo como “estes dias estridentes” [“these loud-shrieking days”]. E o nosso, então, como chamá-lo? As coisas pioraram ou, como disse Jorge Luis Borges, todo homem considera sua época um “mau tempo para viver”[15].

Em seu último curso no Collège de France, Roland Barthes afirmava que a grande literatura está em vias de morrer, na prática e no ensino. Barthes olhava com admiração e nostalgia os grandes escritores do passado, e observava, em nossos dias:

“Desaparecimento dos líderes literários; esta é ainda uma noção social; o líder [é uma] figura na organização da Cultura. Na comunidade dos escritores, uma outra palavra se impõe, menos social, mais mítica: herói. Baudelaire acerca de Poe: ‘um dos maiores heróis literários’. É essa Figura – ou essa Força - do Herói literário que hoje se desvitaliza. Se pensarmos em Mallarmé, em Kafka, em Flaubert, e mesmo em Proust, o que é o ‘heroísmo”? Uma espécie de exclusividade absoluta concedida à literatura: monomania, ideia fixa; mas também, dito de outra forma, uma transcendência, termo pleno de uma alternativa em que o outro termo seria o mundo: a literatura é Tudo, ela é o Tudo do mundo.[16]”.

Assim foi a Literatura para Pessoa, um mundo maior do que o mundo. E por isso acedeu à celebridade, no sentido nobre da conquista universal de leitores. Não são muito numerosos, atualmente, os indivíduos para quem a literatura é uma atividade sublime e um poeta é um herói. Mas eles continuam existindo, e nós, aqui reunidos, fazemos parte dessa confraria. Uma confraria ainda moderna? Ou ainda romântica?

Carlyle já tinha consciências de que fazia o elogio de uma classe condenada de escritores. Diz ele: “São antes as Tumbas de três Heróis Literários que tenho de mostrar a vocês. Aqui estão os escombros monumentais sob os quais estão enterrados três heróis espirituais. Muito fúnebre, mas também grande e cheio de interesse para nós.” [“It is rather the Tombs of three Literary Heroes that I have to show you. There are the monumental heaps, under wich three spiritual heroes lie buried. Very mournful, but also great and full or interest for us”.] Podemos dizer que Pessoa jaz, hoje em dia, sob uma montanha de comentários. Toda celebração é uma “Tumba”. É fúnebre, mas também grande.
A conferência “The Hero as Man of Letters” se encerra com esta espantosa metáfora:

Segundo Richter, na ilha de Sumatra há uma espécie de lanterna [?], grandes pirilampos que as pessoas prendem em espetos, para iluminar com eles o caminho, à noite. Eles podem, assim, deslocar-se com uma agradável radiância, que podem admirar. Honra seja feita aos Pirilampos!” [“Richter says, in the Island of Sumatra there is a kind of ‘Light-chafers’, large Fire-flies, wich people stick upon spits, and illuminate the ways with at night. Persons of condition can thus travel with a pleasant radiance, wich they may admire. Great honor to the Fire-flies!”].

O texto se encerra com uma adversativa irônica: “Mas - !” [“But - !]. Podemos ler este “Mas -!” da seguinte maneira: apesar de sua preciosa luminosidade, os grandes escritores são desprezados, e mesmo sacrificados pela burguesia. No elogio do poeta como heróis já havia o germe do ceticismo que encontraríamos mais tarde em seu leitor português.

As considerações de Carlyle sobre os grandes escritores coincidem com suas ideias políticas conservadoras. O elogio dos heróis literários é correlato ao elogio dos grandes homens, como motores da História. Tendo pesquisado as várias fases da Revolução Francesa, e escrito um extenso relato desta, Carlyle chegara à conclusão de que as revoluções terminam em desordem e terror, e que o povo não é capaz de instalar uma democracia. O mesmo ceticismo com relação às massas e ao operariado se manifesta em vários pontos da obra de Pessoa. Até mesmo a defesa da escravatura pelo historiador escocês, coerente com suas convicções elitistas, encontrou algum eco na obra do poeta. Já tem sido demonstrado, por vários estudiosos, que as ideias políticas de Pessoa são complexas, variadas ao longo do tempo e frequentemente paradoxais. Mas algumas de suas posições são recorrentes, e estas são as de um liberal individualista e aristocrático. Outros pensadores ingleses contribuíram para esse ideário, mas não se pode descartar a influência de Carlyle como uma das primeiras e mais persistentes.


Notas:

1 Tradução inédita da comunicação apresentada no Colóquio “Fernando Pessoa, Influences, Dialogues, Responses”, no King’s College de Londres, em dezembro de 2008. Publicado em Mariana Gray de Castro (org.), Fernando Pessoa’s Modernity without Frontiers- Influences, Dialogues, Responses, London, Boydel & Brewer Ltd., 2013.

2 Ver Alexandrino E. Severino, Fernando Pessoa na África do Sul, Lisboa, Publicações Dom Quixote, 1983.

3 Thomas Carlyle, Sartor, Resartus. Heroes Past and Present. London: Chapman and Hall, 1903.

4 Livro do desassossego, org. Richard Zenith, São Paulo, Companhia das Letras, 1999, p. 155: “ ‘Qualquer estrada’, disse Carlyle, ‘até esta estrada de Entepfuhl, te leva até o fim do mundo’”; e p. 398: “Qualquer estrada, esta mesma estrada de Entepfuhl, te levará até o fim do mundo”. Esta obra será doravante designada pela sigla LD. [Carlyle: “Any road, this simple Entepfuhl road, will lead you to the end of the world” (Sartor Resartus, Book 2, Chap. 2 “Idyllic”)].

5 Cito a partir da “Sterling Edition” das Complete Works de Carlyle (escaneada no “Project Gutenberg”)

6 Pessoa, The Book of Disquietude, tr. Richard Zenith, Manchester, Carcanet Press, 1991, p. 126. Esta obra será doravante designada pela sigla BD.

7 Book of Disquiet, trad. Richard Zenith, UK, Penguin, 2001, p. 249.
8 Idem, p. 261.

9 Charles Baudelaire, Edgar Allan Poe, sa vie et ses ouvrages, in Oeuvres complètes, Paris, Seuil, 1968, p.319 : « Il existe dans la littérature de chaque pays des hommes qui portent le mot guignon écrit en caracteres mystérieux dans les plis sinueux de leur front. »

10 “Edgar Poe, ivrogne, pauvre, persécuté, paria, me plaît plus que calme et vertueux, un Goethe ou un W. Scott » (idem, p. 336).

11 Idem, p. 347.

12 Walter Benjamin, Ein Lyriquer im Zeitalter des Hochcapitalismus, Frankfurt am Main, Zurkampf Verlag, 1969 [Wlater Benjamin, Obras escolhidas III, Charles Baudelaire um lírico no auge do capitalismo, trad. J.C. Martins Barbosa & H. Alves Baptista, São Paulo, Brasiliense, 1989.]

13 Book of Disquiet, p. 130.

14 Johann Gottlieb Fichte, Über das Wesen des Gelehrten (Sobre a natureza do homem de letras, Conferência 10).

15 Borges escreveu em algum lugar: “Le tocó, como a todos, malos tiempos para vivir”.

16 Roland Barthes, La préparation du roman I et II, Paris, Seuil-IMEC, 2003, p. 357. [A preparação do romance 1 e 2, São Paulo, Martins Fontes, 2005, p. 313.]



(Ilustração:  Almada Negreiros - Fernando Pessoa)




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