Estes versos seguem tua respiração
tropeçada
Abotoa teu cheiro nas pregas da minha carne vesga
cai em meus seios
Teus suores pingam meus
múltiplos arpejos trêmulos
afagos leigos
Teu corpo líquido entre nossas bacias
lençóis crispados
Meus dedos correndo tua
pele labareda em
naufrágio teus poros
pintados a carvão tuas
chamas adentro Poema
deitado no perfil dos
meus olhos vapores
cercados traçados
dispersos imensidões de
desejo teu rosto um
orvalho um sonho em ato
em meus dedos.
Eu sonho com teus beijos faiscando meus
pulsos E corro os olhos pelas valas de um
tempo exangue e penetro com tanta
violência teu olhar que cacos banham teu
ombro enquanto meus dedos forjam tuas
dores e o medo de amor titubeia.
Reproduzo tantas vezes teus olhos que
já não sei qual deles pousam meu corpo
nino o desejo por todos, e o calor destes
versos quebrados em teu gozo.
(Pequenos mundos caóticos)
(Ilustração: Daniel Blot - Le soir)
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