sábado, 18 de maio de 2013

LETTERA AMOROSA, de Eugénio de Andrade








               

Respiro o teu corpo:

sabe a lua-de-água

ao amanhecer,

sabe a cal molhada,

sabe a luz mordida,

sabe a brisa nua,

ao sangue dos rios,

sabe a rosa louca,

ao cair da noite

sabe a pedra amarga,

sabe à minha boca.




(Ilustração: Eduardo Fiel)




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