terça-feira, 8 de maio de 2012

SONETO, de Junqueira Freire






Arda de raiva contra mim a intriga,
Morra de dor a inveja insaciável;
Destile seu veneno detestável
A vil calúnia, pérfida inimiga.


        Una-se todo, em traiçoeira liga,
        Contra mim só, o mundo miserável.
        Alimente por mim ódio entranhável
        O coração da terra que me abriga.


Sei rir-me da vaidade dos humanos;
Sei desprezar um nome não preciso;
Sei insultar uns cálculos insanos.


        Durmo feliz sobre o suave riso
        De uns lábios de mulher gentis, ufanos;
        E o mais que os homens são, desprezo e piso.



 (Ilustração Kees van Dongen)


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