(Dedico este poema às poetas Bárbara Heliodora, Cecília Meireles,
Henriqueta Lisboa (in memoria) e especialmente à poeta e amiga Stella
Leonardos, através das quais evoco todas as mulheres poetas de todos
os tempos, cujas vozes estiveram caladas por tantos séculos.)
Minha voz
rasga véus
cortinas
de dentro
de sempre
desfaz penumbras
e acorda
Bárbaras, Cecílias, Stellas
Henriquetas, Heliodoras
E suas vozes
em minhas palavras
alteiam
celebram encontros
de amores tantos
salpicam sândalos
no ar.
Sagas passadas
chagas em sangue
vertem
e vibram
amantes perenes
somos todas
onipresentes.
Minhas mãos
tão femininas
mãos de mulher
madura, menina
sonham
acariciam ternas
lúcidas lembranças
pedaços de dias
franjas de ausências
melancolias
Em suas palmas
conchas
de lágrimas oceânicas
verdejam prantos
horas molhadas
de sofrimento,
surdas, caladas.
O silêncio da solidão
é memória
reverbera
fantasias, ilusões,
onde desaguar
como abraçar
tamanha paixão?
Mãos entrelaçadas
tecem séculos
em teia
de fios farpados
prisão de anjos
eternizados
Somos etéreas
flores fugazes
pirilampos da vida
pela vida
alinhavadas
Assim evoco
Bárbara, Cecília, Stella
Henriqueta, Heliodora
cantemos juntas
à nossa felicidade
brindemos uníssonas
à nossa liberdade!
(Ilustração: Katy Bailey – triangular trinity)
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