terça-feira, 28 de novembro de 2023

CARPE DIEM, de Mário Faustino

 





Que faço deste dia, que me adora?

Pegá-lo pela cauda, antes da hora

Vermelha de furtar-se ao meu festim?

Ou colocá-lo em música, em palavra,

Ou gravá-lo na pedra, que o sol lavra?

Força é guardá-lo em mim, que um dia assim

Tremenda noite deixa se ela ao leito

Da noite precedente o leva, feito

Escravo dessa fêmea a quem fugira

Por mim, por minha voz e minha lira.



(Mas já de sombras vejo que se cobre

Tão surdo ao sonho de ficar — tão nobre.

Já nele a luz da lua — a morte — mora,

De traição foi feito: vai-se embora.)



(Ilustração : Edward Hopper: morning sun – 1952)

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