ainda sinto seu cheiro que me compele
suspiros e arrepios à flor da pele
pois ele veio em cheio lobo e homem
quando só com mais fome se mata a fome
porque olhos nos olhos penetrou-me
enquanto mordíamos ambos os lábios
carnudos doces úmidos e cálidos
entre as ancas beijou-me com calma
como se quisesse penetrar minh’alma
como quem reza se ajoelha e agradece
reverencia a lua cheia que desce
recebe a luz do novo dia que nasce
me deito só mas em sua companhia
em meio a bruma da memória viva
minha vulva pulsa e se regozija
excita-se e seus licores regurgita
toco meu seio esquerdo que se entumece
por onde andará quem já não aparece?
largo-me nos braços largos da lembrança
e caio em sono bendito feito criança
(Língua brasa carne flor)
(Ilustração: George Hendrik Breitner - mujer dormida)
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