Sobre a almofada rica e em veludo estofada
caprichosa e indolente como uma odalisca
ela estira o seu corpo de pelúcia, – e risca
um estranho bordado ao centro da almofada...
Mal eu chego, ela vem... (nunca a encontrei arisca)
– sempre esse ar de amorosa; a cauda abandonada
como uma pluma solta, pelo chão deixada,
e o olhar, feito uma brasa acesa que faísca!
Mal eu chego, e ela vem... lânguida, preguiçosa,
roçar pelos meus pés a pelúcia, de prata,
como a implorar carícias, tímida e medrosa...
E tem tal expressão, e um tal jeito qualquer,
– que às vezes, chego mesmo a pensar que essa gata
traz no corpo escondida uma alma de mulher!
(Amo! - 1938)
(Ilustração: Jean-Honoré Fragonard et Marguerite Gerard- le chat angora)
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