Ouço uma fonte
É uma fonte noturna
Jorrando.
É uma fonte perdida
No frio.
É uma fonte invisível.
É um soluço incessante,
Molhado, cantando.
É uma voz lívida.
É uma voz caindo
Na noite densa
E áspera.
É uma voz que não chama.
É uma voz nua.
É uma voz fria.
É uma voz sozinha.
É a mesma voz.
É a mesma queixa.
É a mesma angústia,
Sempre inconsolável.
É uma fonte invisível,
Ferindo o silêncio,
Gelada jorrando,
Perdida na noite.
É a vida caindo
No tempo!
(Fonte invisível, 1949)
(Ilustração: Giacomo Jaquerio - foutain of life)
domingo, 14 de fevereiro de 2021
OUÇO UMA FONTE, de Augusto Frederico Schmidt
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário