sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

SONETO DA PERDIDA ESPERANÇA, de Carlos Drummond de Andrade






Perdi o bonde e a esperança.

Volto pálido para casa.

A rua é inútil e nenhum auto

passaria sobre o meu corpo.




Vou subir a ladeira lenta

em que os caminhos se fundem.

Todos eles conduzem ao

princípio do drama e da flora.




Não sei se estou sofrendo

ou se é alguém que se diverte

por que não? na noite escassa



com um insolúvel flautim.

Entretanto há muito tempo

nós gritamos: sim! ao eterno.



(Ilustração: Loic Allemand)


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