segunda-feira, 29 de agosto de 2011
MORRER... DORMIR..., de Francisco Otaviano
Morrer... dormir... não mais! Termina a vida
E com ela terminam nossas dores:
Um punhado de terra, algumas flores,
E, às vezes, uma lágrima fingida!
Sim! minha morte não será sentida;
Não deixo amigos, e nem tive amores,
Ou, se os tive, mostraram-se traidores,
Algozes vis de uma alma consumida.
Tudo é podre no mundo. Que me importa
Que ele amanhã se esb'roe e que desabe,
Se a natureza para mim é morta!
É tempo já que o meu exílio acabe...
Vem, pois, ó morte, ao nada me transporta!
Morrer... dormir... talvez sonhar... quem sabe?
(Ilustração: John Everett Millais – el valle del descanso)
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