Minha terra é de algodão,
laranja, goiaba, café
Tem um sol que é tão gigante,
um calor tão escaldante
Que derrete a própria fé
Tem moleque, tem carroça,
tem roseira em toda casa,
bicho-de-pé que coça,
bananeira, ferro em brasa
Minha terra é poeirenta
Lá quem mora não se aguenta
Sonha em ir pra outro lugar
Mas quem migra, se lamenta,
briga, chora, não se assenta
E jura um dia voltar...
Já vai longe seu aroma
ondas adocicadas,
em espirais emanadas,
dos seus canaviais
Lembrança vigorosa
de uma terra generosa
Salpicada de quintais
Uma saudade doída
e de muito já sabida
vem bater logo de frente
Dando a falsa impressão
de algo novo, especial
Que nada, é a velha paixão
reacendendo de repente
Suas ruas, sua gente,
sua lua fluorescente
Minha Jaboticabal.
(Ilustração: Rufino Tamayo – luna y sol)
Nenhum comentário:
Postar um comentário