quarta-feira, 4 de novembro de 2020

AVERNO / AVERNO, de Louise Glück




 

1.

You die when your spirit dies.

Otherwise, you live.

You may not do a good job of it, but you go on —

something you have no choice about.

When I tell this to my children

they pay no attention.

The old people, they think —

this is what they always do:

talk about things no one can see

to cover up all the brain cells they’re losing.

They wink at each other;

listen to the old one, talking about the spirit

because he can’t remember anymore the word for chair.

It is terrible to be alone.

I don’t mean to live alone —

to be alone, where no one hears you.

I remember the word for chair.

I want to say — I’m just not interested anymore.

I wake up thinking

you have to prepare.

Soon the spirit will give up —

all the chairs in the world won’t help you.

I know what they say when I’m out of the room.

Should I be seeing someone, should I be taking

one of the new drugs for depression.

I can hear them, in whispers, planning how to divide the cost.

And I want to scream out

you’re all of you living in a dream.

Bad enough, they think, to watch me fall apart.

Bad enough without this lecturing they get these days

as though I had any right to this new information.

Well, they have the same right.

They’re living in a dream, and I’m preparing

to be a ghost. I want to shout out

the mist has cleared —

It’s like some new life:

you have no stake in the outcome;

you know the outcome.

Think of it: sixty years sitting in chairs. And now the mortal spirit

seeking so openly, so fearlessly —

To raise the veil.

To see what you’re saying goodbye to.



2.

I didn’t go back for a long time.

When I saw the field again, autumn was finished.

Here, it finishes almost before it starts —

the old people don’t even own summer clothing.

The field was covered with snow, immaculate.

There wasn’t a sign of what happened here.

You didn’t know whether the farmer

had replanted or not.

Maybe he gave up and moved away.

The police didn’t catch the girl.

After awhile they said she moved to some other country,

one where they don’t have fields.

A disaster like this

leaves no mark on the earth.

And people like that — they think it gives them

a fresh start.

I stood a long time, staring at nothing.

After a bit, I noticed how dark it was, how cold.

A long time — I have no idea how long.

Once the earth decides to have no memory

time seems in a way meaningless.

But not to my children. They’re after me

to make a will; they’re worried the government

will take everything.

They should come with me sometime

to look at this field under the cover of snow.

The whole thing is written out there.

Nothing: I have nothing to give them.

That’s the first.

The second is: I don’t want to be burned.



3.

On one side, the soul wanders.

On the other, human beings living in fear.

In between, the pit of disappearance.

Some young girls ask me

if they’ll be safe near Averno —

they’re cold, they want to go south a little while.

And one says, like a joke, but not too far south —

I say, as safe as anywhere,

which makes them happy.

What it means is nothing is safe.

You get on a train, you disappear.

You write your name on the window, you disappear.

There are places like this everywhere,

places you enter as a young girl

from which you never return.

Like the field, the one that burned.

Afterward, the girl was gone.

Maybe she didn’t exist,

we have no proof either way.

All we know is:

the field burned.

But we saw that.

So we have to believe in the girl,

in what she did. Otherwise

it’s just forces we don’t understand

ruling the earth.

The girls are happy, thinking of their vacation.

Don’t take a train, I say.

They write their names in mist on a train window.

I want to say, you’re good girls,

trying to leave your names behind.



4.

We spent the whole day

sailing the archipelago,

the tiny islands that were

part of the penisula

until they’d broken off

into the fragments you see now

floating in the northern sea water.

They seemed safe to me,

I think because no one can live there.

Later we sat in the kitchen

watching the evening start and then the snow.

First one, then the other.

We grew silent, hypnotized by the snow

as though a kind of tubulence

that had been hidden before

was becoming visible,

something within the night

exposed now —

In our silence, we were asking

those questions friends who trust each other

ask out of great fatigue,

each one hoping the other knows more

and when this isn’t so, hoping

their shared impressions will amount to insight.

Is there any benefit in forcing upon oneself

the realization that one must die?

Is it possible to miss the opportunity of one’s life?

Questions like that.

The snow was heavy. The black night

transformed into busy white air.

Something we hadn’t seen revealed.

Only the meaning wasn’t revealed.



5.

After the first winter, the field began to grow again.

But there were no more orderly furrows.

The smell of the wheat persisted, a kind of random aroma

intermixed with various weeds, for which

no human use has been as yet devised.

It was puzzling — no one knew

where the farmer had gone.

Some people thought he died.

Someone said he had a daughter in New Zealand,

that he went there to raise

grandchildren instead of wheat.

Nature, it turns out, isn’t like us;

it doesn’t have a warehouse of memory.

The field doesn’t become afraid of matches,

of young girls. It doesn’t remember

furrows either. It gets killed off, it gets burned,

and a year later it’s alive again

as though nothing unusual has occured.

The farmer stares out the window.

Maybe in New Zealand, maybe somewhere else.

And he thinks: my life is over.

His life expressed itself in that field;

he doesn’t believe anymore in making anything

out of earth. The earth, he thinks,

has overpowered me.

He remembers the day the field burned,

not, he thinks, by accident.

Something deep within him said: I can live with this,

I can fight it after awhile.

The terrible moment was the spring after his work was erased,

when he understood that the earth

didn’t know how to mourn, that it would change instead.

And then go on existing without him.



Tradução de Wagner Mourão Brasil:




1.

Você morre quando seu espírito morre.

Caso contrário, você vive.

Você talvez não lide bem com isso, mas continua –

você não tem nenhuma escolha.

Quando digo isso a meus filhos

eles não prestam atenção.

Os velhos, pensam eles –

é isso o que fazem sempre:

falar sobre coisas que ninguém pode ver

para encobrir todos os neurônios que estão perdendo.

Piscam um para o outro;

escute a velha, falando de espírito

por não mais se lembrar da palavra para cadeira.



É terrível estar só.

Não me refiro a viver só –

estar só, onde ninguém escuta você.



Lembro-me da palavra para cadeira.

Quero dizer – não mais estou interessada.



Acordo pensando

você tem de se preparar.

Logo o espírito vai desistir –

todas as cadeiras do mundo não irão ajudar você.



Sei o que dizem quando estou fora da sala.

Eu deveria procurar alguém, eu deveria estar tomando

um dos novos remédios para depressão.

Posso ouvi-los, aos sussurros, planejando como dividir os custos.

E eu quero gritar

vocês todos vocês estão vivendo em um sonho.

Já é ruim, pensam eles, ver-me cair aos pedaços.

Já é ruim sem esses sermões diários que eles ouvem

como se eu tivesse algum direito a essa nova informação.



Bem, eles têm o mesmo direito.

Eles estão vivendo em um sonho, e eu estou me preparando

para ser um fantasma. Eu quero gritar



a névoa se dissipou –

É como uma nova vida:

você não tem interesse no resultado;

você sabe o resultado.



Pense nisto: sessenta anos sentada em cadeiras. E agora o espírito mortal

buscando tão sem rodeios, tão sem receios –



Levantar o véu.

Ver a quê você está dizendo adeus.



2

Não voltei por muito tempo.

O outono havia terminado quando vi o campo de novo.

Aqui, ele termina quase antes de começar –

os idosos nem mesmo possuem roupas de verão.



O campo estava coberto de neve, imaculado.

Não havia nenhum vestígio do que aconteceu aqui.

Você não sabia se o fazendeiro

havia replantado ou não.

Talvez ele tenha desistido e se mudado.



A polícia não prendeu a jovem.

Pouco depois, disseram que ela se mudara para outro país,

algum onde não tenham campos.



Um desastre como esse

não deixa marcas na terra.

E pessoas como aquelas – elas pensam que isso lhes oferece

um novo recomeçar.



Permaneci por muito tempo, fitando o nada.

Um instante depois, percebi que estava muito escuro, muito frio.

Há muito tempo – não tenho ideia desde quando.

Se a terra decide não ter memória

de certo modo o tempo parece não ter sentido.



Mas não para meus filhos. Andam atrás de mim

para que eu faça um testamento; estão cismados de que o governo

levará tudo.



Deveriam vir comigo algum dia

para ver esse campo sob a crosta de neve.

A história toda está escrita lá fora.



Nada: não tenho nada a lhes dar.



Essa é a primeira parte.

A segunda é: não quero ser cremada.



3.

Em um lado, a alma vagueia.

No outro, seres humanos vivendo com medo.

Entre eles, o fosso da desesperança.



Algumas garotas me perguntam

se estarão seguras próximo ao Averno –

Estão com frio, querem seguir mais um pouco rumo ao sul.

E uma diz, fazendo piada, mas não muito ao sul –



Digo, tão seguro quanto qualquer lugar,

o que as deixa felizes.

O que isso quer dizer é que nada é seguro.



Você toma um trem, você desaparece.



Você escreve seu nome na janela, você desaparece.

Há lugares como esses por toda parte,

lugares nos quais você entra como uma jovem

e deles não volta mais.



Como o campo, aquele que queimou.

Em seguida a jovem desapareceu.

Talvez ela não tenha existido,

de qualquer modo não temos nenhuma prova.



Tudo o que sabemos é:

o campo queimou.

Mas nós vimos aquilo.



Então nós temos de acreditar na jovem,

no que ela disse. De outro modo

são apenas forças que não compreendemos

governando a terra.



As garotas estão felizes, pensando em suas férias.

Não tomem o trem, eu digo.



Escrevem seus nomes no vidro enevoado do trem.

Quero lhes dizer, vocês são boas garotas,

tentando deixar seus nomes para trás.



4.

Passamos todo o dia

navegando pelo arquipélago,

pelas ilhas minúsculas que eram

parte da península



até que se despedaçaram

nos fragmentos que você vê agora

flutuando na água do mar do norte.



Elas me pareciam seguras,

penso que em razão de ninguém conseguir viver lá.

Mais tarde nos sentamos na cozinha

observando o início do anoitecer e depois a neve.

Primeiro uma, depois a outra.



Permanecemos em silêncio, hipnotizadas pela neve

como se uma espécie de turbulência

que antes estivera oculta

estivesse se tornando visível,



algo dentro da noite

por fim se revela –



Em nosso silêncio, estamos nos fazendo

aquelas perguntas que amigos que confiam um no outro

fazem após grande fadiga,

um esperando que o outro saiba mais.



E quando assim não é, esperando

que as impressões partilhadas levem a uma súbita compreensão.



Há algum proveito em impormos a nós mesmos

a percepção de que devemos morrer?

É possível deixar passar a oportunidade de nossa vida?



Perguntas como essa.



A neve caía pesada. A noite negra

transmutada em agitado ar esbranquiçado.



Algo que não víramos desvelado.

Porém o significado não foi desvelado.



5.

Após o primeiro inverno, o campo começou a germinar.

No entanto, não mais havia sulcos alinhados.

O cheiro do trigo persistia, uma espécie de aroma aleatório

mesclado com ervas variadas, para as quais

nada de útil aos humanos fora até então encontrado.



Foi intrigante – ninguém sabia

para aonde o fazendeiro fora.

Alguns pensaram que ele morrera.

Alguém disse que ele tinha uma filha na Nova Zelândia,

para aonde fora criar

netos em vez trigo.



A natureza, diga-se, não é como nós;

ela não possui um armazém de lembranças.

O campo não passa a ter medo de fósforos,

de garotas. Muito menos se lembra

de sulcos. Ele é aniquilado, queimado,

e depois de um ano está vivo de novo

como se nada invulgar houvesse acontecido.



Da janela o fazendeiro fixa a distância.

Talvez na Nova Zelândia, talvez em algum outro lugar.

E pensa: minha vida se acabou.

Sua vida se expressou naquele campo;

ele não mais acredita em poder extrair algo

da terra. A terra, ele pensa,

derrotou-me.



Lembra-se do dia em que o campo queimou,

não por acaso, ele pensa.

Algo em seu íntimo profundo disse: posso viver com isso,

Posso enfrentar isso depois de um tempo.



O momento terrível foi a primavera após a devastação de seu trabalho,

quando compreendeu que a terra

não sabia como se lamentar, que em vez disso ela mudaria.

E seguiria existindo sem ele.



Tradução de Piero Euben:




1

Você morre quando seu espírito morre.

Caso contrário, você vive.

Você pode não fazer um bom trabalho, mas você continua –

algo sobre o qual você não tem escolha.



Quando eu digo isso a meus filhos

eles não prestam atenção.

Os velhos, eles pensam –

isso é o que eles sempre fazem:

falar sobre coisas que ninguém pode ver

para cobrir todas as células cerebrais que estão perdendo.

Eles piscam um para o outro;

escutando o velho, falar sobre o espírito

porque ele não consegue se lembrar mais da palavra para cadeira.



É terrível ficar sozinho.

Eu não pretendo viver sozinha –

estar sozinha, onde ninguém te ouve.



Lembro-me da palavra para cadeira.

Quero dizer – eu só não estou mais interessada.



Eu acordo pensando

você tem que se preparar.

Logo o espírito vai desistir –

todas as cadeiras do mundo não vão te ajudar.



Eu sei o que dizem quando estou fora da sala.

Devo estar vendo alguém, devo estar tomando

um dos novos medicamentos para a depressão?

Posso ouvi-los, em sussurros, planejando como dividir o custo.



E eu quero gritar

vocês todos estão vivendo em um sonho.



Já é ruim, eles pensam, me ver desmoronar.

Já ruim o suficiente sem esse sermão que eles ganham hoje em dia

como se eu tivesse qualquer direito a essas novas informações.



Bem, eles têm o mesmo direito.



Eles estão vivendo em um sonho, e eu estou me preparando

para ser um fantasma. Eu quero gritar



a névoa se dissipou –

É como uma nova vida:

você não tem interesse no resultado;

você sabe o resultado.



Pense nisso: sessenta anos sentado em cadeiras. E agora o espírito mortal

buscando tão abertamente, tão destemidamente –



Levantar o véu.

Ver do que você está se despedindo.



2

Eu não voltei por um longo tempo.

Quando voltei a ver o campo, o outono tinha acabado.

Aqui, termina quase antes de começar –

os idosos nem mesmo possuem roupas de verão.



O campo estava coberto de neve, imaculado.

Não havia sinal do que aconteceu aqui.

Você não sabia se o fazendeiro

replantou ou não.

Talvez ele tenha desistido e se mudou.



A polícia não pegou a garota.

Depois de um tempo, eles disseram que ela se mudou para outro país,

onde não há campos.



Um desastre como este

não deixa marcas na terra.

E pessoas assim – acham que isso lhes dá

um novo começo.



Fiquei muito tempo olhando para o nada.

Depois de um tempo, percebi como estava escuro, e frio.



Há muito tempo – não tenho ideia de quanto tempo.

Uma vez que a terra decide não ter memória

o tempo parece de certo modo sem sentido.



Mas não para meus filhos. Eles estão atrás de mim

para fazer um testamento; eles estão preocupados que o governo

pegue tudo.



Eles deveriam vir comigo algum dia

para olhar este campo coberto de neve.

A coisa toda está escrita lá.



Nada: não tenho nada para dar a eles.



Essa é a primeira parte.

A segunda é: não quero ser queimada.



3.

De um lado, a alma vagueia.

Por outro, seres humanos vivem com medo.

No meio, o poço do desaparecimento.



Algumas meninas me perguntam

se eles estarão seguros perto de Averno –

eles estão com frio, eles querem rumar para o sul um pouco.

E alguém diz, como uma piada, mas não muito ao sul –



Eu digo, tão seguro quanto em qualquer lugar,

o que os deixa felizes.

O que isso significa é que nada é seguro.



Você entra em um trem, e desaparece.

Você escreve seu nome na janela, e desaparece.



Existem lugares como este em todos os lugares,

lugares em que você entra quando jovem

e que você nunca retorna.



Como o campo, aquele que ardeu.

Depois disso, a garota se foi.

Talvez ela não existisse,

não temos provas de todo modo.



Tudo o que sabemos é:

o campo queimou.

Mas nós vimos isso.



Então temos que acreditar na garota,

no que ela fez. De outra forma

são apenas forças que não entendemos

governando a terra.



As meninas estão felizes pensando nas férias.

Não pegue um trem, eu digo.



Elas escrevem seus nomes em névoa na janela de um trem.

Eu quero dizer, vocês são boas meninas,

tentando deixar seus nomes para trás.



4.

Passamos o dia inteiro

navegando no arquipélago,

as minúsculas ilhas que eram

parte da península



até que elas se separaram

nos fragmentos que você vê agora

flutuando na água do mar do norte.



Elas pareciam seguras para mim,

Acho que porque ninguém pode morar lá.



Mais tarde nos sentamos na cozinha

vendo a noite começar e depois a neve.

Primeiro uma, depois a outra.



Ficamos em silêncio, hipnotizadas pela neve

como se fosse uma espécie de turbulência

que antes estava escondida

e agora se tornando visível,



algo dentro da noite

exposto agora –



Em nosso silêncio, estávamos nos perguntando

aquelas perguntas amigas que confiam umas nas outras

pedindo para sair da enorme fatiga,

cada uma esperando que a outra saiba mais



e quando não for assim, esperando que

suas impressões compartilhadas resultarão em intuição.



Há algum benefício em se forçar

a compreensão de que se deve morrer?

É possível perder a oportunidade da vida?



Perguntas assim.



A neve estava pesada. A noite negra

transformada em agitado ar branco.



Algo que não tínhamos visto revelado.

Apenas o significado não foi revelado.



5.

Depois do primeiro inverno, o campo voltou a crescer.

Mas não havia mais sulcos ordenados.

O cheiro do trigo persistia, uma espécie de aroma aleatório

misturado com várias ervas daninhas, para as quais

nenhum uso humano ainda foi inventado.



Foi intrigante – ninguém sabia

onde o fazendeiro tinha ido.

Algumas pessoas pensaram que ele morreu.

Alguém disse que ele tinha uma filha na Nova Zelândia,

que ele foi para lá criar

os netos em vez de trigo.



A natureza, ao que parece, não é como nós;

não tem um armazém de memória.

O campo não fica com medo de jogos,

de meninas. Não se lembra

tampouco de sulcos. É morto, queimado,

e um ano depois está vivo novamente

como se nada de incomum tivesse acontecido.



O fazendeiro olha pela janela.

Talvez na Nova Zelândia, talvez em outro lugar.

E ele pensa: minha vida acabou.

Sua vida se expressou nesse campo;

ele não acredita mais em fazer nada

fora da terra. A terra, ele pensa,

me dominou.



Ele se lembra do dia em que o campo queimou,

não, ele pensa, por acidente.

Algo dentro dele disse: eu posso viver com isso,

posso lutar contra isso depois de um tempo.



O momento terrível foi na primavera depois que seu trabalho foi apagado,

quando ele entendeu que a terra

não sabia como lamentar, que em vez disso mudaria.

E então continua existindo sem ele.



(Averno)



(Ilustração: Mel Kishner - Peshtigo Fire: Refuge in a Field - 1871)

Nenhum comentário:

Postar um comentário