Cigarra! Levo a ouvir-te o dia inteiro,
Gosto da tua frívola cantiga,
Mas vou dar-te um conselho, rapariga,
Trata de abastecer o teu celeiro!
Trabalha, segue o exemplo da formiga;
Aí vem o inverno, a chuva, o nevoeiro,
E tu, não tendo um pouso hospitaleiro,
Pedirás... e é bem triste ser mendiga!
E ela ouvindo os conselhos que eu lhe dava,
(Quem dá conselhos sempre se consome...)
Continuava cantando... continuava...
Parece que no canto ela dizia:
— Se eu deixar de cantar morro de fome...
Que a cantiga é o meu pão de cada dia.
Tradução de Heitor P. Fróes:
Cigale, je t´entends le jour entier;
J´aime l´accente de ta chanson frivole...
Cependant, je t´assrue, sur parole,
Quíl vaudraiat mieux pourvoir à ton greneir!
Vois la fourmi, qui veille à son métier;
Pense au brouillard, pense à la bise folle...
Et toi, faute d´un gîte bénèvole,
Tu seras mendiante em ton quartier!
Sans régard au conseil qu´elle entendait
(Qui donne des conseils n´a pas de trève)
Elle chantait, elle chantait toujours...
Et dans son chant je crois qu´elle grondait:
— "Si je ne chant pas, alors je crève,
Car le chant est mon pain de chaque jour"!
(FRÓES, Heitor F. Meus poemas dos Outros. Traduções e versões. Bahia, 1952)
(Ilustração: Illustration de Grandville pour La Cigale et la Fourmi)
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