Deixem-me envelhecer sem compromissos e cobranças
Sem a obrigação de parecer jovem e ser bonita para alguém
Quero ao meu lado quem me entenda e me ame como eu sou
Um amor para dividirmos tropeços desta nossa última jornada
Quero envelhecer com dignidade, com sabedoria e esperança
Amar minha vida, agradecer pelos dias que ainda me restam
Eu não quero perder meu tempo precioso com aventuras
Paixões perniciosas que nada acrescentam e nada valem.
Deixem-me envelhecer com sanidade e discernimento
Com a certeza que cumpri meus deveres e minha missão
Quero aproveitar essa paz merecida para descansar e refletir
Ter amigos para compartilharmos experiências, conhecimentos
Quero envelhecer sem temer as rugas e meus cabelos brancos
Sem frustrações, terminar a etapa final desta minha existência
Não quero me deixar levar por aparências e vaidades bobas
Nem me envolver com relações que vão me fazer infeliz.
Deixem-me envelhecer, aceitar a velhice com suas mazelas
Ter a certeza que minha luta não foi em vão: teve um sentido
Quero envelhecer sem temer a morte e ter medo da despedida
Acreditar que a velhice é o retorno de uma viagem, não é o fim
Não quero ser um exemplo, quero dar um sentido ao meu viver
Ter serenidade, um sono tranquilo e andar de cabeça erguida
Fazer somente o que eu gosto, com a sensação de liberdade
Quero saber envelhecer, ser uma velha consciente e feliz.
(O Topo da Montanha)
(Ilustração: Lita Cabellut – Frida)
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