domingo, 3 de dezembro de 2017

ESSE PERFUME..., de Emiliano Perneta







Esse perfume ― sândalo e verbenas ―

De tua pele de maçã madura,

Sorvi-o quando, ó deusa das morenas!

Por mim roçaste a cabeleira escura.



Mas ó perfídia negra das hienas!

Sabes que o teu perfume é uma loucura:

― E o concedes; que é um tóxico: e envenenas

Com uma tão rara e singular doçura!



Quando o aspirei — as minhas mãos nas tuas —

Bateu-me o coração como se fora

Fundir-se, lírio das espáduas nuas!



Foi-me um gozo cruel, áspero e curto...

Ó requintada, ó sabia pecadora,

Mestra no amor das sensações de um furto!





(Ilustração: Gustav Klimt - kiss)




Nenhum comentário:

Postar um comentário