Esse perfume ― sândalo e verbenas ―
De tua pele de maçã madura,
Sorvi-o quando, ó deusa das morenas!
Por mim roçaste a cabeleira escura.
Mas ó perfídia negra das hienas!
Sabes que o teu perfume é uma loucura:
― E o concedes; que é um tóxico: e envenenas
Com uma tão rara e singular doçura!
Quando o aspirei — as minhas mãos nas tuas —
Bateu-me o coração como se fora
Fundir-se, lírio das espáduas nuas!
Foi-me um gozo cruel, áspero e curto...
Ó requintada, ó sabia pecadora,
Mestra no amor das sensações de um furto!
(Ilustração: Gustav Klimt - kiss)
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