terça-feira, 9 de agosto de 2011

MISERICORDIOSISSIMAMENTE, de Martins Fontes









Conta Buffon que o sapo é jardineiro:

Igual aos pajens, nas antigas salas,

Serve às rosas galantes de um canteiro,

Em contínuo cuidado a cortejá-las.


Dos rouxinóis, artista verdadeiro,

Estuda o virtuosismo das escalas,

E se esfalfa, e se esforça, prazenteiro,

Em senti-las, compô-las, imitá-las.


Possui o sapo a adoração da estrela:

Vendo-a na água brilhar, tenta colhê-la,

Nas profundezas turvas e enganosas.


Hugo nos diz que bem merece um culto

Quem vive a idolatrar, no mundo estulto,

As estrelas, os pássaros e as rosas.




(Ilustração: Ada Breedveld – Zuipschuitjes)

Nenhum comentário:

Postar um comentário