Lo que siente la mano
lo que carga
que sostiene
no es mi frente mi piel mi
inteligencia
es el hueso gentil
la calavera
con sus tibios disfraces
con sus órbitas
por el momento llenas
con la suelta mandíbula que un día
remedará la risa
ese día en que deje tirados
por ahí
mi esqueleto liviano
mi cráneo regular
y quede yo
mis labios y mis pies
mi pelo mis mejillas
mis ojos mi color
y todo lo que fui
lentamente
obviamente
pudriéndose
pudriéndose
volviéndose ceniza.
Tradução de Priscilla Campos:
O que sente a mão
o que carrega
segurando
não é minha testa minha pele
minha inteligência
é o osso gentil
a caveira
com seus disfarces mornos
com suas órbitas
por um momento cheias
com a mandíbula solta que um
dia
imitará a risada
naquele dia em que deixei
abandonado por aí
meu esqueleto leviano
meu crânio regular
e eu fico
meus lábios e meus pés
meu cabelo minha bochecha
meus olhos minha cor
e tudo que eu fui
devagar
obviamente
apodrecendo
apodrecendo
virando cinza.
(Nocturnos, 1955)
(Ilustração: Alyssa Monks)
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